Costuma-se dizer que a “vida corre em câmara lenta” nos momentos em que nos confrontamos com experiências extremas, em que a nossa vida corre perigo e nos encontramos completamente incapacitados para mudar o rumo dos acontecimentos.
Mas eu discordo!...
Para mim nesses momentos em vez de abrandar, a vida acelera... acelera exponencialmente e é essa mudança de percepção que me dá a sensação de que tudo ocorre de forma mais lenta. É pura e simplesmente uma questão de relatividade.
No entanto, não só eu adoro a expressão Inglesa “Life in slow motion”, como a ideia de uma “vida a correr em câmara lenta”, qual rio indolente que se deixa deslizar sem tempo e sem pressa... é para mim muito apelativa pelo que me vem sempre à cabeça, naqueles dias em que tudo se passa com calma e de feição, em que tudo o que fazemos nos corre bem, em que conseguimos desfrutar a vida com quase tudo e quase nada.
Nesses dias os meus sentidos parecem estar mais alerta e de alguma forma estou mais atento ao que me rodeia, dando comigo a perscrutar o que me é normalmente “invisível”...
Oiço os sons dos insectos que voam em redor, os latidos dos cães há distância, o vento e os outros elementos… paro para ver sombras e nuvens, observo os padrões das folhas, fecho os olhos para sentir o calor do sol e o roçar do vento… em resumo detenho-me, Olhando, Sentindo, Cheirando, Saboreando e Ouvindo coisas que tendo estado sempre lá, nunca por mim tinham sido “vistas” desta forma.
São momentos mágicos, pedaços do paraíso que me caem no colo e que só tenho de estar atento para os sentir chegar e não os deixar fugir.
Ontem fui a Almeirim para uma prova de BTT, segui a A2 em direcção ao Sul para apanhar a A13 no sentido de Santarém pois o “Google Earth” (muito obrigado Google), indicava-me ser o percurso mais rápido… nunca tinha andado na A13 mas logo que entrei naquele tapete bem tratado achei que tinha sido uma boa opção.
Foi uma viagem “in slow motion” à média horária de 160Km/h, onde apreciei o nascer do sol, os pinheiros mansos que nos acompanham por quase todo o caminho, as cores dos campos que se combinam entre amarelos e verdes, as casas de campo há muito abandonadas e das quais em muitos casos apenas restam ruínas, lembranças de um tempo em que se vivia no e do campo e em que as pessoas se permitiam a viver isoladas no meio da natureza.
Cheguei ao meu destino, montei na bicicleta, segui por montes e vales, rolei por areia e pedras, passei um rio, tomei banho, li para fazer tempo, almocei e preparei o regresso a casa.
A magia da manhã tinha-se há muito dissipado, mas o dia estava lindo e mais uma vez na A13 ao rolar naquele tapete encantado com um horizonte de ar refractado feito, a minha “vida abrandou”…
... apaguei o rádio, ajustei o “Cruise Control” para 130Km/h e deixei-me conduzir apenas preocupado em manter a viatura em direcção ao Sul, pois a estrada…
... bem a estrada era toda minha!
“It’s nice to feel the life in slow motion…”
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
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