segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Por do sol no Espichel


19:45, cheguei, embora baixo no céu o disco solar ainda estava amarelo e suficientemente brilhante para não permitir uma observação directa, sem pressa sentei-me na muralha e observei o mar.


Por incrível que pareça não havia vento e o azul salpicado de reflexos de ouro estendia-se até ao horizonte calmo como um gigantesco lago, levadas por correntes de ar ascendente aos pares e trios as gaivotas passavam por baixo da minha posição, em direcção à falésia onde iriam provavelmente pernoitar.


Num impulso de partilha envio uma mensagem…

"Está em Sesimbra?".


"Não, estive todo o dia mas já me vim embora. Está tudo OK?"


Sorrio, o Universo nem sempre está do nosso lado… fica para a próxima!


"Tudo bem. Era só para a convidar a ver o por do sol no Espichel"


20:10, as cores começaram a mudar e do amarelo quase branco, o disco tornou-se laranja e daí ficando cada vez mais distinto transformou-se numa gigantesca moeda de ouro puro a mergulhar no mar.


A magia tinha começado, como um balão a moeda rompeu e incendiando tudo na sua passagem de repente um rio de lava ardente desceu para o mar criando assim um triângulo de ouro, que passando de onda em onda se estendeu do horizonte até à praia, lá em baixo no limite da falésia.


Um casal de Franceses veio sentar-se perto, como eu calados, deixaram-se ficar observando o dia a morrer neste festival de cores infernais.


20:20, do que foi uma bola de fogo ardente já só resta uma linha de vermelha no limite do horizonte, como uma cortina que fecha, as pontas aproximam-se até que finalmente nada mais resta para além do ponto de fogo, que nos fica impresso na retina.


20:22, levanto-me, silenciosamente cumprimento os Franceses e regresso ao carro.


A neura tinha passado… abro as janelas, ponho os U2 bem alto e com um sorriso nos lábios rumo para casa.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

respostas adiadas – tomo II

Aproveitando da tua ausência, o que me dá alguma margem para escrever este “monólogo”, seguem as minhas opiniões sobre a “M&M” e o “Rex”.

Não sei se foi propositado (acredito que sim), se foi por serem os teus preferidos, se foi por serem bastante diferentes entre si ou pura casualidade, mas escolheste muito bem o “crivo" aos meus gostos e preferências.

Se no caso do “Caveman” embora reconheça o seu valor (vide “pés! os meus, os teus e um bocadinho dos outros”), não tenha sentido nenhum “click” especial, o mesmo não se passa com estes dois últimos.

“M&M”… como os chocolates, que são uma delícia para o palato, a sua escrita é uma delícia para os olhos. Não só escreve muito bem, como o faz com classe, elegância e muita... muita sedução.

Sem dúvida que o “B” deverá ser um sortudo… se acaso “Lady M”, É o que aparenta ser, se ela É o que escreve, então É sem dúvida, o tipo de mulher que qualquer homem gostaria de ter ou pelo menos conhecer.

Gostei muito das fotos, adorei os textos especialmente o poema “Somos quem somos” e achei uma particular piada ao endereço do site, que ironicamente se chama “excitame” mas que se deveria chamar “excita-te” ou quanto muito “excitemo-nos”.

O “Rex”... gosto do trabalho gráfico que faz sobre as fotos que apresenta, gosto do conteúdo de alguns dos seus textos, acredito até que se houvesse necessidade e me esforçasse um pouco seria capaz de me relacionar de uma forma mais ou menos pacifica com este “pseudo-animal mal comportado”.

No entanto e pese embora possa ser propositado, o Rex apresenta-se como o estereotipo do mau gosto (começando pelo seu “cartão de visita” – sniff, sniff).

Para mim, mau gosto mesmo quando propositado (infelizmente, não sei se será…) não tem justificação!

Como diz a deliciosa “M&M” – “Sou uma mulher que gosta do belo em todas as suas manifestações e que abomina o mau gosto e a boçalidade” - no meu caso sou homem, mas a mensagem é a mesma…

O “Rex”, pelos meus padrões (que são meus e não têm de ser partilhados por mais ninguém, por isso “desculpa qualquer coisinha…”) é agressivamente grosseiro, aparentando estar mal com ele e com o mundo; tenta “impingir” os seus pontos de vista e ideias, começando pela música, que desgraçadamente nos obriga a ouvir de cada vez que mudamos de texto e terminando com tiradas de soberba infantil (1), típicas de quem não tem confiança em si mesmo e que ainda não entendeu, ou não quer entender, que o mundo está cheio de pseudo-intelectuais como ele.

O meu conselho para este “menino” seria: se efectivamente quer fazer a diferença vá fazer serviço de voluntariado numa qualquer ONG a auxiliar quem precisa!...

Beijos,
Zatoichi!

(1) Fica um pequeno exemplo da tal soberba infantil… infelizmente há muitos mais!

"post scriptum: e não adianta virem para aqui com esgares de nariz inclinado… quem não riu, pelo menos uma vez, não tem qualquer sentido de humor. Para esses infelizes: thank you for trying to smile"

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

pés! os meus, os teus e um bocadinho dos outros


No período que permaneci na China costumava fazer uma massagem aos pés todos os dias, foi absolutamente ireal, durante 1,5 meses avancei de salão em salão, experimentei mãos de aço, mãos de fada e mãos de anjo, gritei, sonhei e com um sorriso nos lábios morri mil vezes...

Primeiro os pés cozem lentamente no calor da água de sais, óleos e rosas; abrem-se os poros e liberta-se a sujidade de um dia a andar calçado; segue-se uma lavagem suave e finalmente a secagem com toalhas aquecidas...


Estamos preparados para nos deixar fluir numa agradável volúpia de 45min de pressões e compressões segundo as técnicas do milenar “Tui Na”. Garantidamente há poucos prazeres melhores na vida!...


Uma noite em Pequim, tendo ido com uma amiga chinesa a um novo salão que diziam ser muito bom, estranhei que se começasse a travar um diálogo de “cochicho” entre ela e a minha massagista – a nº 13 (nós ocidentais nunca lhes chegamos a saber os nomes verdadeiros, no entanto para o caso de gostarmos e querermos repetir noutro dia, são-nos dados números para referência futura – não é simpático mas é mais fácil e funciona bem)...


Questionando a minha amiga em Inglês, fiquei a saber entre risos e olhares maliciosos que a nº 13 lhe estava a dizer que ela tinha muita sorte pois o “marido” dela (ou seja eu!!!), não só era muito bonito (pelos padrões chineses não abona muito em relação à minha pessoa – mas deixemos isso para outro dia) como tinha uns pés maravilhosos...


Adoro os meus pés, aliás adoro pés no geral mas tenho uma vaidade especial nos meus, não sei se há razão para tanto, mas depois deste episódio típico de uma China cheia de contrastes acabei por acreditar que sim... os meus pés são Lindos!



O mesmo se passa com os teus, mais gordinhos, mais redondos, menos ossudos que os meus mas muito bonitos e perfeitinhos, os meus sinceros parabéns.

Como te dizia em “trauma de infância”, por andarem quase sempre “escondidos”, os pés são muitas vezes uma grande desilusão, não suficiente para perder a vontade se já tiver o “motor em aquecimento”, mas suficiente para reduzir as probabilidades de um encore de qualidade, caso a coisa se volte a repetir... sim porque, ou nos “esquecemos” completamente da existência desses dois maravilhosos apêndices corporais, ou então… quem é que gosta de brincar, massajar, beijar e mordiscar “cepos” feios e retorcidos?


Em relação aos sapatos e passando ao lado das obsessões e compulsões (muito comuns especialmente no sexo feminino – vide Imelda Marcos) a eles associados, é engraçado que tenhas referido a tua afinidade com os ditos. Na verdade tenho ao longo dos anos vindo a desenvolver uma teoria, sobre o papel destas supostas “protecções” tornadas objecto de culto e desejo, como espelho da nossa personalidade e tenho por hábito basear as minhas 1ªs e 2ªs impressões no estado/tipo de calçado que as pessoas usam. É mais ou menos um “diz-me o que calças, dir-te-ei quem és”…


Como exemplo do meu método de análise, “sem saber mais sobre ela”, diria que a “dona” destes lindos dedos:


- pela disposição dos sapatos - deixados no local onde devem ter sido descalçados, é uma pessoa descontraída;


- pelas unhas pintadas a fazer “pan dan” com a cor dos ténis e os ténis que não sendo novos estão bastante bem tratados e limpos, é uma pessoa cuidadosa com a sua aparência;


- pela cor vermelha dos sapatos e das unhas, é uma pessoa que gosta de deixar uma “impressão” e que não se importa de ser notada.


Para um primeiro encontro, penso já ser bastante... com um bocadinho de sorte num segundo o calçado será outro e aí outras indicações poderão ser tiradas.


É para mim um processo complementar da, por nós já discutida, “Química” e há sua semelhança muito baseado em “intuições” e “feelings” deixando imensa margem para enganos e erros de julgamento… mas “que se lixe”, as mulheres (diz-se) têm um 6º sentido inato, nós os homens temos de “inventar” os nossos!...


Porque trouxeste o teu amigo “Nuno” até ao nosso “Templo”, aproveito para te dar mais uma das minhas respostas adiadas…


Indiscutivelmente o “Blogdita” sabe escrever, escreve com sentimento… demasiado por vezes… nota-se que é um ser (não sei se é homem ou mulher, ou ambos) algo assediado pelos seus demónios internos e que usa a escrita para deles se libertar ou pelo menos tentar fazê-lo.


Não gosto do formato do seu blog, não gosto das cores de pastel, que me fazem lembrar uma casa Victoriana rodeada de smog numa qualquer rua Londrina em plena revolução industrial, não gosto do facto de ter tantos icons e “opções” e não gosto especialmente da forma como aparecem os textos, todos compactados sem espaçamentos e justificados de ambos os lados, em suma rectângulos de palavras.


Resumindo o formato do blog apresenta-se para mim como claustrofóbico, pelo que se adicionar os textos densos e deprimentes qb, então direi que me dá “falta de ar”.


Não estou com isto a dizer que não tem valor, pelo contrário, reconheço mais uma vez que o “Blogdita” não só escreve muito bem, como deverá com certeza ter uma razão para o fazer da forma como faz… apenas quero dizer que não é do meu agrado, mas o mundo é feito disso mesmo, de agrados e desagrados, e cada um de nós é livre de seguir pelos caminhos que melhor lhes servem…


…“Blogdita”, parabéns pelo teu trabalho, de alguém que particularmente não se identifica com ele.


Linda Sofia, goza bem as férias que eu por cá te esperarei…


Beijos nos teus dedos de cereja…

Zatoichi!


PS: Não sei se o fazes com algum outro propósito, ou se é apenas para ser diferente… mas o uso de “até mais” dá-me sempre uma ideia de vontade de separação latente, pois acabo sempre por ler “até mais ver”…

sábado, 22 de agosto de 2009

ler, pés e net

Não é polémica nenhuma, perguntei ao google e ele respondeu-me:

estória | s. f.

estória
(inglês
story)

s. f.

1. Narrativa de ficção. =história

2. Conto, novela, fábula.

3. Exposição romanceada de factos e episódios, distinta da história, baseada em documentos.

história | s. f. | s. f. pl.

história
(grego
historía, -as, exame, informação, pesquisa, estudo, ciência)

s. f.

1. Narração escrita dos factos notáveis ocorridos numa sociedade em particular ou em várias.

2. Ciência que estuda factos passados.

3. Sequência de factos ouacções!.

4. Relato desses acontecimentos. =estória, narração, narrativa

5. Descrição dos seres da Natureza.

6. Estudo das origens e progressos de uma arte ou ciência.

7. Biografia de uma personagem célebre.

8. Livro de história.

9. Infrm. Relato destinado a enganar. =conto, mentira, peta

in http://www.priberam.pt

No dicionário de papel não encontrei no entanto estória alguma...

Coitado do Branquinho... sempre podemos chamar-lhe conto e pronto, problema resolvido.

Aprendi a ler como quase toda a gente que conheço, quando tinha 6 anos... lembro-me precisamente de quais foram as primeiras palavras que li sozinha, era uma ficha de leitura que os meus pais compraram antes de eu ir para a escola e tinha um desenho uma senhora de saia justa e mala ao ombro. Depois de a ter pintado a lápis de cor, por baixo dpo desenho eu Li "A tia". Foi qualquer coisa de espantoso que iria mudar a minha vida para sempre, embora eu não tivesse essa noção quando li aquelas simples letrinhas.
Nas primeiras férias grandes, tinha montes de coisas para ler, lembro-me as pilhas de livros da Anita emprestados e das revistas de BD Mundo de Aventuras. Acontece que eu tive um problema nos olhos e por isso tive de levar umas gotas que me faziam dilatar a pupila e ver tudo desfocado e nublado durante algumas horas. Imagina o sofrimento de alguém que quer devorar todas as letras que encontra pela frente e só consegue ler as manchetes dos jornais com muita dificuldade... ficava sempre ansiosa que o efeito daquilo passasse!
Gostava de ficar a ler na cama à espera que o sono chegasse. A minha mãe gritava sempre montes de vezes "apaga a luz!" Então uma vez decidi pôr uma fronha de almofada a fazer de abat jour e ia pegando fogo àquilo tudo... depois arranjei daquelas lanterninhas pequenas para ler debaixo dos lençóis.
E durante anos fui devorando tudo o que encontrei pela frente, nunca deixando nenhum livro a meio, por mais chato que fosse. Depois como tempo fui ficando mais selectiva.

Ninguém parece dar muita importância ao facto de saber ler, é um dado adquirido desde tenra idade. Eu comecei a aperceber-me que a realidade é um pouco diferente, e num trabalho que fiz, verifiquei que ainda existe muita gente analfabeta, encontrei não muito longe da cidade, pessoas pouco mais velhas que eu (especialemnte mulheres) que não sabiam ler. Isto já para não falar da iliteracia, porque juntar umas letrinhas não significa propriamente que se consiga entender o que querem dizer.

Isto tudo para dizer que aprender a ler foi das melhores coisas que me aconteceram na vida, foi ganhar asas e voar, entrar em mundos paralelos numa espécie de transe profundo.

Vejo muita ficção científica e mundos de fantasia nas tuas leituras preferidas. Li o primeiro Harry Potter mas não achei grande piada, aquilo está muito mastigadinho para o meu gosto, prefiro ter espaço para imaginar as coisas, para isso prefiro ver os filmes. Eu comecei com o Lewis Carroll e a sua Alice, e o Principezinho do Exupery. São livros que estão sempre à mão, já perdi a conta às vezes que os li. Não tenho propriamente autores preferidos, mais obras, mas gosto muito do Richard Bach e do seu Fernão Capelo Gaivota, da Laura Esquível e a sua escrita culinária, do Neruda, do Garcia Marquez, do Saramago (adorei o Memorial do Convento), do Pessoa, da Espanca, do Mia Couto, do Lobo Antunes... difícil lembrar-me agora de todos, prefiro ir falando da minha relação com eles quando me parecer apropriado.

Sobre a química, entendo o teu ponto de vista perfeitamente. Mas deixa-me só dizer que apesar de eu me lamentar muito por não perceber como as coisas funcionam, não significa que não funcionem. Eu lá me vou safando, e já encontrei o meu jackpot, o tudo em um. Acontece que isso não me impede de procurar conhecer outras pessoas. Uma coisa curiosa que reparei é que não basta uma pessoa ser super interessante fisica e mentalmente para me apaixonar. Já encontrei muitas pessoas interessantíssimas, entusiasmentes, perfeitas e não me apaixonei por elas. Por vezes, nem precisam de ter grandes atributos. E eu não sei explicar isto, sei simplesmente que acontece. Vá-se lá perceber porquê... E pensava que precisava de estar apaixonada para o sexo fazer sentido, mas isso é uma grandecíssima treta. Haja tesão correspondência de critérios e tudo corre de feição. Mesmo assim, acho fantástico o facto de duas (ou mais) pessoas se entusiasmarem simultaneamente, conseguirem encontrar concensos e vontades comuns. É uma espécie de magia.

Tenho de fazer aqui um parágrafo sobre os pés. Ai, os pés! Desde bebé que tenho um estranho fascínio por sapatos. A minha mãe contou-me que na praia as pessoas tinham de pôr os sapatos no píncaro dos chapéus porque mal os apanhava distraídos, açambarcava tudo oque desse para enfiar nos pés. Não me lembro nada disso, mas lembro-me de fazer sapatarias, expôr tudo quanto era sapatos lá em casa, colocar preços, andar com os sapatos de salto alto da minha mãe com ela a gritar "descalça-te que ainda me partes as almas!". Adoro pés, observá-los, brincar com eles, cuidar deles, desenhá-los, fotografá-los, gosto de andar descalça no cimento quente, de massagens aos pés, recebê-las e fazê-las, pressionar os polegares contra os pontos sensíveis da planta do pé e os nós dos dedos, fazer rodar uma bola macia, comprimir os calcanhares, contornar os tornozelos...

Ainda sobre a exposição, nunca me trouxe problemas nenhuns a forma como o faço. Ainda ontem tive uma conversa sobre isso, com uma pessoa que se expõe muito mais do que eu, muito mais a alma que o corpo e afirma que isso nunca lhe trouxe mal nenhum e é um desafio. Já te tinha falado dele, gosto muito da sua atitude na net, para além de ser uma referência de escrita para mim. Iniciou há pouco este novo projecto que tenho estado a seguir com bastante curiosidade.
Podia não me expor tanto, claro que podia, mas não quero. É que ainda por cima é Verão e está imenso calooooooooor...

Agora vou aproveitar o sol e as altas temperaturas e ficar algum tempo sem aparecer por aqui. A Net é sem dúvida outro dos marcos na minha busca do conhecimento, revolucionou completamente a forma de pesquisar, de me relacionar com as outras pessoas. É viciante, e por isso mesmo vai fazer-me bem uma pausa. Vou levar comigo umas leituras e as sugestões musicais que me deste, quem sabe se não encontro por lá a tua música?

até mais,
sofia



sexta-feira, 21 de agosto de 2009

trauma de infância

Bem, parece-me que está implantada a polémica e que ainda teremos de consultar algum especialista em toponímia para nos auxiliar. Tentei dar seguimento à tua pesquisa sobre a utilização das palavras "história" e "estória" e efectivamente não encontrei as referências de que falas. Infelizmente ambas as palavras não constavam do dicionário Toponímico que pude consultar e na net tão pouco consegui alguma coisa.


Lembro-me perfeitamente de ver o Branquinho, um miúdo da minha sala da 4ª classe (em 1973…), a levar reguadas da professora porque escrevia "história" como "estória" e como deves calcular o trauma instaurou-se e perpetua-se até aos nossos dias.


A verdade é que, pelo que me é dado saber, "estória" (para conto, texto de ficção) em contraste com "história" (para informações de carácter factual histórico) é, no nosso País à beira mar plantado, uma palavra pós acordo ortográfico que nos chegou do "por mim bem-amado" Brasil.


Como sabes eu até gosto de usar uma ou outra expressão/palavra do extraordinário e muitíssimo mais expressivo léxico Brasileiro, mas aqui não consigo. Historicamente falando, vem-me sempre à memória a "história" ou será "estória" do Branquinho a chorar baba e ranho junto ao quadro da sala de aula… quem sabe ainda venho a fazer psicanálise por causa deste caso de trauma de infância.


Parece mesmo que temos conceitos diferentes sobre o que é "Química" nos relacionamentos, ao que tu chamas "Química das ideias" eu chamo "Afinidade" ou "Empatia", para mim a "Química" é exclusivamente fisiológica e envolve, o cheiro de feromonas, a cor dos lábios, a textura da pele, o formato das mãos e dos pés (este mais difícil de julgar pois normalmente estão calçados… por vezes é uma grande desilusão – adoro PÉS, acho aliás que tenho de escrever sobre os meus pés um dia destes – são LINDOS!) e antes de tudo o "AR".


O "AR" é o mais importante, o "AR" é a razão de gostarmos ou não de alguém à 1ª vista.


O "AR" é o que nos permite fazer juízos sobre a personalidade de um determinado indivíduo sem nada dele sabermos.


Na verdade, por vezes cometemos erros, "Quem vê caras não vê corações" diz o ditado popular, mas de uma forma ou outra quase todos nos baseamos nas primeiras impressões para estabelecer um elo de maior ou menor intensidade com os outros.


Para além desta "Química", chamemos-lhe do conhecimento, há ainda a "Química sexual" que é mais crua, mais animal e se com a anterior nos podemos enganar e mais tarde mudar de opinião… na cama, ou "há ou não há" e se não há, não vale a pena tentar inventar, por muita "técnica" que se aplique a coisa vai sempre saber a pouco.


"…Ó MONTE DE CÉLULAS, ORGANIZA-TE!!"


Ora aqui está um grito bem mandado!


É verdade que na maioria dos casos o entusiasmo intelectual não acompanha o sexual e vice versa, isto tem mais que ver com o outros (que tal como nós mesmos não são perfeitos) do que connosco.


Montar o cérebro da madame Curie num corpo de Vénus ou o do Einstein num corpo de Adónis, deve ser o Holy Grail de todos os Frankeintain do Universo, infelizmente não só ainda não o conseguiram fazer (acho), como dificilmente estariam disponíveis para outros que não os seus criadores.


Having said this (é incrível com esta expressão soa muitíssimo melhor que "Tendo dito isto" ou mesmo "Posto isto"), o melhor mesmo é manteres relações paralelas e ir tentando a sorte de vez em quando. Quem sabe um dia encontras o teu "Pot of gold".


Finalmente o que é preciso é… "A little bit of Mambo"


Dançando o Mambo e saltando para o lado…

Eu e a leitura temos uma relação de amor profundo, não posso passar sem ela, necessito de ler para relaxar, necessito de ler para me isolar, necessito de ler para me concentrar, necessito de ler para me sentir bem comigo próprio.


A leitura é para mim quase como uma droga, quando leio desligo completamente e na maioria dos casos nem oiço o que me dizem. Flutuo no universo do livro e deixo-me levar, visualizando as curvas e contra curvas do enredo como se dele fizesse parte.


Tudo começou com o 1º livro da colecção do Tarzan de Edgar Rice Burroughs, "Tarzan o Homem Macaco", que o meu pai me comprou na minha 1ª ida à feira do livro de Lisboa (devia ter 7 ou 8 anos).


Nas férias grandes desse ano devorei os outros 23 livros da colecção à cadência de 150 páginas por dia, o que deixou o meu pai doido especialmente pelo custo associado (tinha sido criado um "monstrinho"…).


A leitura, faz portanto parte de mim desde há muito… muito… tempo (quase como o Star Wars … In a galaxy far… far … away), tempo este que tenho aproveitado para navegar descontraidamente por quase todos os oceanos e mares que possas imaginar.



Há no entanto, tal como a nossa casa ou o lugar onde nasceste, um mar onde acabo sempre por regressar e esse é o da "Ficção Cientifica e Fantasia".


Faço-o porque me permite viver em mundos incríveis, alguns lindos outros monstruosos; permite-me saltar de Sol em Sol, ver outros seres, ouvir outras línguas, lutar com monstros e salvar donzelas; permite-me em suma saborear Universos inteiros condensados em folhas de papel.


Perguntas pelos meus autores preferidos, aqui vão alguns…


Edgar Rice Burroughs;

Isaac Asimov;

Frank Herbert;

Robert Jordan;

J.R.R. Tolkien;


Já me esquecia, também gosto do Harry Potter!

Boas férias!


PS: "…como te disse, expor o corpo é muito mais fácil e seguro que expor a alma."


Claro que sim, o primeiro é só uma questão de pudor e/ou convenção o segundo é uma questão de privacidade. Nevertheless (adoro esta palavra inglesa que me consegue poupar duas em português), a sensação fica que podias "cobrir-te" um pouquito mais…

a "minha" música

disseste que esta é a minha música, eu digo que é de alguém muito parecido comigo, por isso se me permites, preciso de fazer algumas ressalvas:

Fiz a minha teia, vou deixar-te pousar
Todos nós construímos as nossas teias para deixar os outros pousar. Não tem nada a ver com a Viúva Negra, aqui a ideia é prender para libertar.

Porque não tenho juízo, porque sou filha de Zen
Tenho algum juízo sim senhor! Procuro sempre ter uma atitude responsável, claro que nem sempre consigo. Até há uns tempos atrás, julgava que chegando a uma certa idade, uma pessoa ganhava automticamente juízo, agora já percebi que não é bem assim, ou então essa idade é mais tarde do que eu pensava.
Porque trago comigo mais alguém
SEMPRE!
Porque tenho na manga cartas de Tarot
Eu nem sequer mangas tenho! estamos no verão! e depois, eu nunca fui grande coisa a jogar cartas...
Porque nem sempre mostro quem sou
é verdade, e prefiro ser subestimada a sobrestimada, assim posso sempre surpreender pela positiva
E como não gosto de mim e adoro-me de vez em vez
agora estou na fase de adoração :)
Nunca ponho fim à minha estupidez
só quando me farto, mas a parvoíce e a idiotice, essas andam sempre de mãos dadas comigo!
Porque nunca acabo tudo o que começo
é, tal como o Da Vinci! Mas algumas coisas acabo, principalmente com as más
Amo tudo aquilo que conheço
nem tudo, mas tento. só se pode amar o que se conhece, então há que tentar
E sempre quero mais, não me contento com nada
nem sempre quero mais, quero sobretudo MELHOR e contento-me sim, de vez em quando, EU NÃO SOU INSACIÁVEL, SOU EXIGENTE!
São ganâncias tais, amar e ser amada
quid pro quo... quem não quer? O que eu não quero nem posso é obrigar alguém a gostar de mim
Que me ponho em loucuras e suspiro aventuras
Oh, como é bom suspirar aventuras! (mas para serem loucas tem de ser das boas!)
Não sai nada de mim este aperto sem fim
sai sim, aperto e desaperto, absorvo e escorro!
Sou mulher, sou homem, unidos num nó
ADORO ESTA PARTE! é aí que está o equilíbrio!
Faço rir toda
a gente, choro quando estou só
rica palhaça! (e não palhaça rica, como dizias no outro dia)
Quero ir mais longe, bater contra o vento
não precisa de ser bater, pode ser esgueirar-me (é menos violento)
Quero aprender
a lição por um momento
SEMPRE! Quero aprender SEMPRE a lição, é para isso que aqui estou e não descanso enquanto não o conseguir! (Ok, posso descansar de vez em quando...)

Fiz
a minha teia, vou deixar-te pousar

Sou raio de luz, tempestade num copo de água
mais tempestade que raio, luz é coisa que consigo irradiar ocasinaolmente, quando me iluminam...
Mas passado um tempo sou coração sem mágoa
Porque sei perdoar, porque errei também
Sim de que vale a pena guardar mágoa? posso não conseguir esquecer, mas pelo menos não guardo rancores
A força que eu tenho ninguém mais tem
pois não é minha, pode até nem sem muita, mas é minha! vem directamente do sol e de pessoas especialmente enregéticas!
Tenho amor para dar e vender
vender amor? as coisas mais preciosas são dádivas precisamente porque não têm preço
Porque me aguento firme – até ver
Porque também sou fraca, aliás sou sempre
Pois, até ver... a fraqueza não passa a não ser quando é mesmo preciso
Era tudo uma farsa à tua frente
Porque sei mentir quando a coisa aperta
E sei fugir na hora certa
Mas logo sou apanhada por quem me conhece
Não vale de nada quando o amor aquece
Já tinha dito que tenho costela de pinóquio, sou transparente, por isso é muito difícil mentir decentemente, por isso prefiro não o fazer
Porque além de ser humano
Não sou um ser qualquer
Nasci com
a sorte de ser Mulher
Ah! Sorte agora, deste lado do mundo! Que se vivesse no médio oriente já não podia dizer isso! Mas sim, ADORO! é uma sorte do caraças!

Mas tenho estado a reparar que isto não está nada equilibrado, falamos muito mais de mim que de ti. Vou ter de tomar providências, a primeira vai ser descobrir a tua música. Sei que não existe só uma música, mas com a tua ajuda, sei que vou descobrir o tom adequado para iniciar este espaço, aquela que te define melhor neste momento. E depois vou querer que fales mais sobre ti. Vou fazer-te perguntas. Muitas. E olha que eu sou como o Principezinho, não desisto enquanto não encontrar resposta satisfatória. Tenho estado a anotar aquelas a que ainda não respondeste, mas vou dar-te tempo para o fazeres.


fireworks

Lembro-me nitidamente, estava a acabar de adolescer.

Nove e tal da noite, num desses cybercafés que floresciam na altura, com umas colegas.
Windows 95, mIRC, que coisa tão arcaica, ainda não tinha feito amizade com os computadores.
Fireworks foi o que mais me despertou a atenção e toca a meter conversa.
Escrevi qualquer coisa como: “Fireworks, que bom! Estou mesmo a precisar de efervescer!” A partir daí desenrolou-se o típico “De onde és, como te chamas, que idade tens, o que fazes” disso só me lembro que eu tinha o mesmo nome que um antigo amor. Depois silêncio. Ou melhor, vazio. Nem uma letrinha mais. O arcaico modem 56 Kb decidiu pregar-nos uma partida e perdi o contacto.
Foi um encontro muito breve com o desconhecido. O primeiro. De muitos. Mas nunca me esqueci deste porque foi o primeiro. Nunca mais me esqueço daquela excitação pueril que me levava sangue a galopar pelo corpo, os dedos atrapalhados à procura das teclas certas, a impaciência…

Quero voltar a sentir o que senti. Mas de uma forma mais calma e consciente. Quero aquela sensação intensa de desbravar o desconhecido, quero que deixe de o ser para se tornar agradavelmente familiar. Agora estou muito mais exigente e não me contento com pouco. Quero aprender, quero melhorar. Quero rir, quero chorar, quero sentir com todos os sentidos. Quero tudo, e estou na disposição de retribuir.

Onde estás tu, Fireworks? Estou a precisar de efervescer… outra vez.

Escrevi isto há uns dois anos. É impressionante como muitos dos objectivos que escrevo acabam por se concretizar. Já te tinha falado dessa característica “prenunciadora” que encontro na escrita. Provavelmente é apenas uma forma de organizar intenções que tem sempre de ser complementada com uma forma de agir. Mas como te disse, mais interessante que este fogo de artifício (que como todo o fogo que se preze é espectacular, arrebatador e efémero) é redescobrir o encanto das pessoas. Continuamente. Depois do entusiasmo inicial, quando a novidade se transforma em algo banal, é aí que é preciso saber se vale a pena redescobrir ou não. Ir mais além da epiderme, descascando como se faz com as cebolas, penetrando até ao coração. É claro que isso não depende só de nós, tem de haver alguma colaboração do outro lado, alguma comunicação, mesmo que inconsciente.

Antes de chegar ao texto, deixa-me só fazer uma consideraçaõzita em relação às estórias/histórias. Segundo o que pude apurar, a grafia original é estória, mas hoje em dia é apenas usada para referenciar narrativas ou pequenos contos de ficção. Nesse sentido, o texto pode ser referido como estória, pois não relata acontecimentos reais. Claro que isso também depende do que se entende como real, foi baseado em factos reais, em sensações reais, mas escrito de forma encriptada, com peças que encaixam de forma diferente da realidade. Uma espécie de salgalhada apurada, uma caldeirada de experiências e reflexões.

Encontrei uma forma relativamente simples de protecção contra sensações e sentimentos traiçoeiros, daqueles que nos fazem questionar as coisas, agir de forma estranha e apanhar grandes desilusões: não posso esperar que as minhas expectativas correspondam à realidade. Tenho de perceber a fronteira que existe, tenho de delineá-la bem. Porque não vou deixar de esperar ou esperar menos para não me desiludir, não faz sentido. Também não me posso desiludir sempre que as minhas expectativas forem irreais. Então tenho de traçar muito bem essa fronteira.

Falaste de exposição, de eu me expôr demasiado e eu disse que me exponho na medida que quero. Claro que não posso controlar a forma como as pessoas me interpretam, mas não estou muito preocupada com isso. Preocupo-me com o que as pessoas de quem gosto pensam, preocupo-me em não criar conflitos nem mal entendidos, o resto, cada qual é livre de pensar o que quiser. Na selva netiana, sinto alguma necessidade de me proteger dos predadores, de criar algumas armadilhas e divertir-me com isso. É uma espécie de jogo do gato e do rato, não me tenho dado mal.

Mas é como te disse, expor o corpo é muito mais fácil e seguro do que expor a alma.Tenho andado a pensar nisto, a investigar alguns exemplos, quero voltar aqui mais à frente.

Não concordo contigo quando dizes que só presencialmente se consegue química. Já o disse anteriormente, as palavras estimulam os sentidos, e se isso não é química a funcionar, então temos conceitos diferentes sobre isso. Agora sou capaz de concordar que uma coisa é a química das ideias e outra é a química do corpo, (apesar das ideias poderem estimular o corpo) nem sempre existe sintonia:

Por que razão é que nos excitamos pelo simples facto de olhar para alguém com um aspecto interessante?
Por que razão é que uma pessoa intelectualmente excitante, pode perfeitamente não interessar sexualmente?
Não há razão, não pode haver. A não ser o raio da Biologia. Mas isso será Razão?
Folheio uma revista e o meu olhar fica preso a uma impressão de alguém com uns olhos magnéticos. Fico ali a olhar para aqueles olhos durante uns segundos, a percorrer com os meus o corpo que os transporta, antes de reparar na parvoíce que isso é.

Conheço na net alguém que partilha os mesmos interesses que eu, que me excita intelectualmente e depois quando nos encontramos pessoalmente não há química nenhuma.

Mas o que é isto?! Parece que o meu corpo anda a gozar comigo. Ó MONTE DE CÉLULAS, ORGANIZA-TE!!
É uma coisa que me intriga, deveras. Que raio de selecção é esta que eu faço? Que tipo de pessoas me interessam como parceiros sexuais? Têm de ter o que eu acho que é "compatibilidade física". Têm de ter o que eu acho que é "compatibilidade intelectual". Não será isto exigência a mais? Mas que parvoíce de selectividade é esta, alguém me explica?!

Eu já percebi que as coisas não resultam quando vou lá só porque a pessoa em questão é fisicamente interessante. Também já percebi não resultam quando a pessoa é "apenas" intelectualmente interessante. E também já percebi que às vezes demora algum tempo, mas uma pessoa que à partida me empolgava, depois de revelar o que lhe vai lá dentro apaga-me o tesão; e também já aconteceu uma pessoa que não me dizia nada fisicamente, depois de se revelar um pouco mais intelectualmente, dá-me um tesão desgraçado. Custa-me aceitar isto. Não aceito. Acho que devia ter o direito de me entusiasmar por quem eu quisesse e as coisas resultarem. Mas sinto que não tenho. É claro que são precisas (pelo menos) duas pessoas para dançar tango, e eu não sou inteiramente responsável por as coisas não resultarem, mas até que ponto é que eu devo ceder? Até que ponto posso tolerar comportamentos que não me agradam?
O sexo atrapalha a vida…

Já escrevi isto há mais de um ano e continuo sem grandes respostas. Mas não quero com isto passar a ideia de que só ando pela net à procura de parceiros sexuais, ou que esse é o grande objectivo. Felizmente estou muito bem servida. O que eu quero é perceber como é que isto tudo funciona e ter algum prazer durante o processo. O grande objectivo não é o sexo, é o Prazer. E não conheço maior prazer que conhecer e reconhecer.

Falta ainda mostrares o que gostas tu de ler e se as minhas sugestões te dizem alguma coisa… esperarei.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

a "tua" música

Ouvi a Tua música, Tua porque foste tu que ma deste a ouvir, mas no caso e antes de mais Tua porque esta música és TU!

És TU, como te imagino que sejas;
És TU, no ritmo;
És TU, na letra...
Bem, em resumo... és TU!

Sim esta música és TU, como se para ti ou por ti tivesse sido escrita.



A minha teia

Fiz a minha teia, vou deixar-te pousar

Porque não tenho juízo, porque sou filha de Zen
Porque trago comigo mais alguém
Porque tenho na manga cartas de Tarot
Porque nem sempre mostro quem sou
E como não gosto de mim e adoro-me de vez em vez
Nunca ponho fim à minha estupidez
Porque nunca acabo tudo o que começo
Amo tudo aquilo que conheço
E sempre quero mais, não me contento com nada
São ganâncias tais, amar e ser amada
Que me ponho em loucuras e suspiro aventuras
Não sai nada de mim este aperto sem fim
Sou mulher, sou homem, unidos num nó
Faço rir toda a gente, choro quando estou só
Quero ir mais longe, bater contra o vento
Quero aprender a lição por um momento

Fiz a minha teia, vou deixar-te pousar

Sou raio de luz, tempestade num copo de água
Mas passado um tempo sou coração sem mágoa
Porque sei perdoar, porque errei também
A força que eu tenho ninguém mais tem
Tenho amor para dar e vender
Porque me aguento firme – até ver
Porque também sou fraca, aliás sou sempre
Era tudo uma farsa à tua frente
Porque sei mentir quando a coisa aperta
E sei fugir na hora certa
Mas logo sou apanhada por quem me conhece
Não vale de nada quando o amor aquece
Porque além de ser humano
Não sou um ser qualquer
Nasci com a sorte de ser Mulher

Letra: Xana Abreu
Música: Xana Abreu e David Alves
Xana Abreu – voz, coros, chapa, escova na rede, roda
David Alves – guitarra acústica e copo

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

respostas adiadas – tomo I


Não é um fim, quando muito é um princípio, ou melhor, um meio. Uma ferramenta. Nem melhor nem pior que outra qualquer, apenas diferente. Estranho será daqui a uns tempos encontrar alguém cujo primeiro contacto não tenho sido feito à distância, através da grande teia.

A net avança a uma velocidade estonteante, não fecha para balanço. Fazem-se e desfazem-se “amizades” num ápice. As relações esfriam como comida aquecida no microondas e as pessoas pura e simplesmente deixam de dar sinal de vida.


Na “vida real” é muito mais difícil descartar alguém. Muitas vezes, somos obrigados a conviver no dia-a-dia com pessoas de quem não gostamos, é difícil fugir a isso quando acontece no trabalho ou no sítio onde se mora. Mas na net, basta um simples click e a pessoa indesejada desaparece definitivamente do mapa. Muitas vezes é por pura indiferença, quando deixa de existir o entusiasmo inicial, é muito mais fácil procurar algo novo do que tentar resgatar o que já existiu.


… Mas o que vem a ser isso de conhecer alguém?
… Mas será que conhecer presencialmente é conhecer melhor? Será que alguma vez conseguimos conhecer completamente alguém? Será que nos conhecemos verdadeiramente a nós próprios?


Antes de me lançar na tentativa de fazer passar a minha visão sobre as questões por ti levantadas no trecho em cima transcrito (vide Temet Nosce), não posso deixar de fazer alguns comentários à história (com “hi” porque burro velho não aprende línguas e eu aprendi assim na escola) que tão bem nos contaste.

Noutra vida, disse-te que te expões demasiado na forma como escreves alguns dos conteúdos que publicas.

Casos há em que escreves de forma crua e directa (é isso mesmo que pretendo – disseste tu!...), quase perdendo a noção de limites, causas e efeitos, uma escrita de desencontro, quem sabe de “provocação”…

Este conto assim… NÃO é!

Talvez motivada pela “musa” do texto, neste teu conto consegues transmitir toda a “tensão e tesão” do “teu caso” (1) , consegues transmitir tudo o que se passou, não passou e poderia ter passado, consegues sem dúvida contar a tua história (mais uma vez com “hi”) com a beleza e elegância que sem dúvida ela merece. Pergunto-me quantas vezes a releste, revestes e reinventaste antes da sua publicação?

Dizes a certa altura …

“Às tantas fui eu que me esqueci de me proteger.
Como é que uma pessoa se protege contra a paixão? “

Bem, não penso que nos possamos proteger contra a paixão, aliás não acredito que nos possamos proteger em relação a qualquer sentimento afectivo que possamos vir a nutrir por outra qualquer pessoa.

Podemo-nos no entanto, preparar para as suas consequências e antes de nada prepararmo-nos para nos controlar a nós mesmos, quando tivermos que enfrentar essas mesmas consequências.

O problema não está por isso, no facto de desejarmos, amarmos ou odiarmos, a questão é:

- Estamos preparados para quando isso acontece e “a coisa dá para o torto”?

Eu respondo NIM, nem não nem sim, penso que depende demasiado do momento que atravessamos, das circunstâncias dos acontecimentos e acima de tudo do facto de conseguirmos entender/racionalizar o que na verdade passou ou melhor dizendo, o que não se terá passado.

De volta ao inicio - “esta coisa de conhecer pessoas na net” – continuo sem saber exactamente por onde começar, pois o universo netiano é vasto, denso e em constante expansão, mas se calhar posso falar um pouco da minha história (“história” que mantendo o “hi” agora está em conformidade com o acordo ortográfico).

Quando comecei a trocar conversas no ICQ achava que era o máximo, de quando em vez “tinha sorte” e lá conseguia marcar um café para travar conhecimento com alguém que supostamente seria do “sexo correcto” (no meu caso feminino) e que poderia ser “idêntica” à imagem que se tinha formado entretanto. Não guardo nem contactos, nem conhecimentos, nem tão pouco me lembro realmente de nenhuma das “musas” destes tempos.

Depois vieram as salas de Chat, em que da confusão de conversas sem nexo e envios melosos de beijos, abraços, queridos, queridas, amores e carinhos, invariavelmente surgia a marcação de um jantar para confraternização - ele era o SAPO no Porto, o AEIOU em Coimbra, etc. etc. – onde das 152 pessoas inscritas acabavam por aparecer 27, pois os outros ou eram menores de idade e não saiam à noite, ou eram apenas nicks com vida limitada ao espaço protegido do universo netiano, que pelas mais variadas das razões não se queriam ou não se podiam assumir na vida real.

Desta era, ficaram alguns contactos, melhor dizendo desta era, ficaram algumas camas… as boas claro está, pois as outras… bem, como cantavam os “Heróis do Mar” , “dos fracos não reza a História”…

Desiludi-me, cansei-me e como nos contos de ficção científica, coloquei todos os meus alter-egos netianos em vida suspensa e “saltei” no “espaço-tempo” até aos dias de hoje… agora!

E o agora é bem diferente, onde antes havia ICQ, agora temos redes sociais, onde antes havia os Chats, agora temos os Blogs, onde antes tínhamos dificuldade de saber com quem lidávamos, agora conseguimos escolher com quem queremos lidar…

É este “novo” poder de escolha que me faz sentir que… assim já quero brincar outra vez!

Em resposta directa às tuas questões:

Conhecer alguém é adquirir intimidade com esse alguém, intimidade que nos irá permitir criar uma imagem, mais ou menos focada dessa pessoa.

Este processo de conhecimento tem, no meu entender, duas variáveis base “a afinidade” e “a proximidade”, ambas variando em conjunto irão determinar o grau de aproximação/relacionamento que se irá estabelecer ao longo do tempo.

Se o conhecimento presencial favorece o processo, acredito que sim, pois só presencialmente (por enquanto…) se consegue uma ligação química… e na minha experiência – entre duas pessoas que se estão a conhecer, ou há química ou então a coisa não anda!

Não quero com isto dizer, no entanto que o conhecimento presencial seja imprescindível para a maioria dos casos, penso mesmo que não o é.

Mas tal como as bruxas, “que las hay las hay”… ver, tocar e cheirar a outra pessoa, “que é melhor, é”!

Finalmente… não sei se li isto em algum lugar, se é apenas sabedoria popular ou se de repente virei filósofo, mas… cada dia que passa surpreendo-me comigo mesmo!

Fica bem,
Zatoichi

(1) Digo “teu caso” e não “vosso caso” porque não é de todo evidente que tenha sido um caso “dela” também…

terça-feira, 18 de agosto de 2009

(re)nascimento!

na descoberta de ser humano nascemos, vivemos e morremos todos os dias, o que sabemos é lembrado, usado e esquecido… e os ciclos repetem-se, vezes e vezes sem conta.

como? porquê?

não podemos saber tudo, mas queremos saber o que é preciso.

a gestão do conhecimento é fundamental para a qualidade de vida, o nascer e o morrer são momentos, o que conta é o tempo que vivemos.

um ponto de partida: diálogos entre um samurai dos tempos modernos e uma rapariga ávida de saber.

eles já se encontraram noutro
sítio… nasceram, viveram e morreram aí… agora renasceram por aqui.

a expectativa é grande para ver onde esta
estrada nos vai levar…

Cidade Negra, Estrada
clip editado (a parte da música que eu gosto)
e um
link para o vídeo completo que tu gostas ;)
brigada pelos toques no texto e pela música que não conhecia
...fiquem connosco para ver!