quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

feliz ano novo (2010)

2009 com todos os seus altos em baixos está a terminar, o novo ano está à porta e com ele esperamos que melhores ventos comecem a soprar.

É assim desde sempre, juntam-se os amigos, contam-se as passas, bebe-se espumante e deseja-se tudo de bom para nós mesmos e para aqueles que nos estão mais próximos e que nos são mais importantes.

A realidade acabará por seguir o seu curso normal, mas durante 1 minuto entre as 23:59:30 de dia 31 e as 00:00:30 de dia 1, acreditamos verdadeiramente que com a morte do ano velho e com o nascimento do novo ano, a vida e o mundo se renovam e com eles nós também iremos ter uma oportunidade de nos renovar.

Embora andando "desaparecido em combate", não podia deixar passar em branco o facto deste ser o “primeiro fim de ano” deste Blogue, que se pretende que venha a perdurar pelos tempos vindouros e que se mantenha em constante renovação seguindo os percursos dos seus autores.

Em nome deste “templo”, os sinceros desejos de um Feliz Ano de 2010, com muito amor, alegria e motivação pois são estes os motores para uma vida melhor.

Deixo-vos um vídeo e um mote para o próximo ano… “Just Smile

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

quando encontrar a saída, volto :-)



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

the fun theory

Como criar interesse para a execução de actividades rotineiras?

É uma pergunta que já me fiz mais de uma vez mas que, ou por falta de imaginação, ou por falta de paciência, ou pura e simplesmente porque entretanto comecei a pensar noutra coisa diferente, poucas vezes me levou a alterar alguma coisa no meu comportamento.

Felizmente nem todos são como eu!...

Um grupo de Suécos, patrocinado pela Volkswagen, lançou uma iniciativa que abrangendo a minha pergunta inicial a ultrapassa largamente – The Fun Theory Award.

A nova pergunta é:

Será que conseguimos mudar o comportamento humano apenas por tornar as actividades mais engraçadas?

É um concurso aberto a todos os participantes, com um prémio de €2500 para o 1º classificado com o seguinte tema:

- Apresentar uma evidência/ideia devidamente documentada por escrito e num suporte visual (desenho, fotografia, vídeo ou outro) que confirme a teoria de que “brincar” é o melhor método para mudar o comportamento humano para melhor.

Eu como sou parco em imaginação, preguiçoso e pouco focado… penso que não irei participar mas para todos os que forem diferentes de mim, “think out of the box” e tentem fazer a diferença.

Em baixo fica um exemplo do que até agora já foi feito no âmbito desta iniciativa, não deixem no entanto de dar uma passagem por www.thefuntheory.com pois há lá mais...



quarta-feira, 14 de outubro de 2009

de castigo!...

Parti o metacarpo do dedo mínimo da mão esquerda e estou de castigo!...

Pois é, tantas vezes se vai à fonte que às tantas lá partimos a bilha... passei uma semana e meia de prazer, ele era BTT de manhã, almoço repimpado numa esplanada e leitura na praia até ao fim da tarde.

Mas hoje as coisas mudaram... CAI!

Pois é, cai outra vez e desta acabei por “aterrar” com a mão em cima de uma pedra que já estava para ali enterrada há pelo menos vários meses... o resultado está ao lado, uma mão entrapada e TRÊS lonngasss semanas sem BIKE.

Estou, como devem calcular, “furibundo”.
Furioso comigo próprio não só por estar literalmente de castigo sem poder andar de BIKE, mas especialmente por ter caído quase parado por causa de estar a olhar para as ondas (que na verdade estavam perfeitas) e esquecendo que o terreno tem buracos e “calhaus”... mas que grande parvalhão!

Já me estou a ver, nas próximas três semanas, cheio de problemas para tomar banho, vestir-me, abrir garrafas, comer, enfim... com dificuldades para executar todas as coisas que fazemos normalmente e às quais não damos qualquer importância a não ser nestas ocasiões.

Espero que me tenha servido de emenda e que para a próxima... pare, desmonte e só depois olhe para outro lado que não a estrada à minha frente.

Por agora vou ter de me contentar apenas “com a esplanada e a praia” e vamos ver como as coisas se desenvolvem, porque para a semana começo a trabalhar e consequentemente regresso à minha rotina diária do ginásio matinal.

Haverá alguma coisa mais chata que ir ao ginásio com a mão à banda?...

sábado, 10 de outubro de 2009

roncos


É normal encontrarmos por toda a Península Ibérica localidades com nomes emparelhados do tipo:

• "Lapas de Cima" e "Lapas de Baixo" em Portugal;
• "Postijo d’Arriba" e "Postijo de Abajo" em Espanha;
• Ou ainda situações mistas como “Rihonor d’Arriba” em Espanha com “Rio de Onor de Baixo” em Portugal.

Menos comum é encontrarmos localidades com nomes aos trios, pois se aos pares já denota falta de imaginação, aos trios denota falta de imaginação e falta de vontade para pensar um pouco.

Pois eis que encontrei um caso não com duas, não com três, mas com QUATRO localidades cujos nomes são todos parentes...

O mais incrível é que para o quarto nome, finalmente devem ter encontrado "uma cabeça pensadora" donde saiu uma solução que é pelo menos engraçada.

vitórias...

Se eu fosse uma pessoa sensata, não teria participado na prova. Ou melhor, teria ido, mas nunca embarcaria no disparate de fazê-la até ao fim, só naquela de provar que sou capaz. Ainda para mais sozinha. Tola. Teria ido ver o percurso sim, e aproveitado para tirar muitas fotografias à belíssima paisagem (viste os póneis? adorei aquela quinta!) e chegado a horas para o almoço e assim ter oportunidade de estar mais um pouco contigo e não ter apenas à disposição restos de asas e cus de frango. E sobretudo não ter de fazer uma série de gente esperar por um capricho meu. Se eu fosse uma pessoa com o mínimo de juízo, deveria saber que constipação + noite não dormida + 35 km de BTT são uma operação fácil de resolver = dores de garganta ao cubo e descanso forçado. Só há uma coisa boa que equilibra a equação: os mimos redobrados do namorado! ah, quase que vale a pena estar doente só pra isso!
Foi giro, claro que foi giro, aquelas foram sem dúvida as amoras mais saborosas que eu alguma vez provei na vida. Teria valido a pena só por isso? Nop.
Mas está visto que eu não sou uma pessoa sensata nem com muito juízo, por isso respirei o pó todinho do caminho e passei uma noite no hospital à conta disso. O Variações é que a sabia toda...
Mas há que saber arcar com as consequências das nossas escolhas e disso eu não me esquivo. E depois, vaso ruim não quebra assim tão facilmente e só vim aqui dizer que a florzinha de estufa está pronta para outra! Mas deixa-me pelo menos tentar ser um bocadinho sensata, digam o que disserem, uma maratona a sério tem 42 km, e para mim, meia-maratona é mais que suficiente. Pelo menos para começar...





quarta-feira, 7 de outubro de 2009

all by myself

1975, Eric Carmen iniciava uma carreira a solo depois de 5/6 anos como vocalista dos Raspberries e cantava...

All by myself
Don’t wanna be
All by myself anymore...

A solidão, o medo de estar/ficar sozinho, a incapacidade de viver consigo mesmo, a fobia de não estar com alguém, são problemas que afectam milhões de pessoas em todo o mundo e que nos seus casos mais extremos dão origem a inúmeras doenças do foro psicológico.

Atrevo-me mesmo a afirmar que em algum momento todos nós já nos sentimos sós...

• em miúdos, porque não tínhamos ninguém para brincar ou estávamos fechados em casa sózinhos...
• na adolescência, porque perdemos o(a) namorado(a) ou porque fomos deixados de fora de um determinado grupo/festa...
• em adultos, porque andamos tão atarefados com o dia-a-dia que nem nos apercebemos o quanto descoramos os nossos relacionamentos pessoais até ser tarde de mais ou pura e simplesmente porque não somos capazes de nos relacionar com outras pessoas...

Existe aqui um padrão, a procura/falta de um complemento externo à nossa personalidade... o conceito de solidão está para a maioria das pessoas directamente relacionado com a falta de alguém que esteja connosco, que nos oiça, que nos “ature”, que nos dê “mimo”, que nos chame à atenção ou que simplesmente esteja lá.

Reconheço que faz falta ter alguém com quem se possam partilhar momentos, discutir ideias, brincar, trocar confidências, crias laços de cumplicidade, alguém a quem possamos telefonar quando estamos “blue” e que nos telefone quando está “down”, alguém em quem possamos confiar e que confie em nós...

No entanto!... !... !...

No entanto, não é a falta de alguém assim que me causa solidão, a falta de alguém assim origina que eu esteja só, ficar só ou sozinho não é nem pode de ser sinónimo de solidão.

Encontro mais solidão numa multidão barulhenta de “actores sociais” – pessoas que vivem para fazer publicidade à Pepsodent e que apenas se preocupam com o ver e ser visto – ou num grupo de “colegas” da mesma empresa que ambicionam o lugar do chefe...

Encontro, definitivamente muito mais solidão num relacionamento em que os pares deixaram de interagir e que apenas se mantêm juntos para não estarem sós...

Vim de férias “all by myself”... para estar sozinho e comigo mesmo, para desfrutar da minha pessoa e do puro prazer de estar SÓ e fazer o que me dá na gana!

Serei egoista? Acho que não... são só 6 dias em 365 e fazem-me muito bem!

Como canta uma das minhas “trovadoras” preferidas...

One is the loneliest number
That you'll ever do
Two can be as bad as one
It's the loneliest number since the number one

No is the saddest experience
You'll ever know
Yes, it's the saddest experience
You'll ever know
Because one is the loneliest number
That'll you'll ever do
One is the loneliest number
That you'll ever know

It's just no good anymore
Since you went away
Now I spend my time
Just making rhymes
Of Yesterday

Because one is the loneliest number
That you'll ever do
One is the loneliest number
That you'll ever know

One is the loneliest number
One is the loneliest number
One is the loneliest number
That you'll ever do
One is the loneliest number
Much much worse than two
One is a number divided by two



Para quem me conhece ou pensa conhecer deixo aqui uma pequena adivinha...

Se o “UM” não me causa problema ... que se passará com o “DOIS”?
Se o “NÃO” não me assusta... que se passará com o “SIM”?

Deixo UM abraço solidário e DOIS beijos repenicados... para quem precisar deles

domingo, 4 de outubro de 2009

paparoca

pois é, desta vez pregaste-me a partida e avançaste com um tema de grande responsabilidade... o prazer da “paparoca”.

a “paparoca” está para a vida, como o sexo está para o amor e não é por acaso que dos 7 pecados mortais – gula, luxúria, ganância, preguiça, vaidade, inveja e ira – os dois primeiros são o da “paparoca” e do sexo.

necessitamos de comer para viver mas a verdade é que na maioria das vezes vivemos para comer... e sabe tãoooo bem...

abriste-me o apetite com o teu cramble de maçã que quase consegui saborear, imaginando-o quente e acompanhado de uma bola de gelado de nata, ambos bem cobertos com canela em pó... humm... uma delícia.

adoro comer, não muito, mas bem!... adoro a experiência de novos sabores e paladares, o contraste de quentes e frios, as sensações de doces e picantes, as texturas, as cores e antes de tudo os cheiros e a apresentação.

na verdade comemos com o nariz e com os olhos antes mesmo de provarmos seja o que for. No que toca à comida e se excluirmos os momentos em que comemos pelo simples facto de termos fome (também acontece), o apetite é controlado a um nível mais básico pelos odores e a um nível mais consciente pelo aspecto da comida, em ambos os casos há refeições que pelo seu cheiro e/ou aparência fazem-nos literalmente “crescer água na boca”.

bem e chega de verve, perguntaste quais os meus gostos... em termos de tipos de comida sem dúvida que as minhas preferências vão para a Japonesa, com as suas composições e apresentação elaboradas e os sempre grandes contrastes de sabores, no entanto gosto de quase tudo.

cozinho algumas coisas, das quais penso poder destacar um óptimo magret de pato assado no forno e os “arrozes” de peixe e/ou marisco.

deixo-te aqui duas sugestões de doces muito simples de elaborar, mas de grande aceitação por quase todos os meus amigos que já os provaram... laranjas com mel e canela e uvas com açúcar cristalizado...

laranjas com mel e canela...
cortar várias laranjas grandes e sumarentas (1,5 por pessoa) em rodelas de não mais de 0,5cm de espessura;
dividi-las por pratos individuais e “regá-las” com mel de rosmaninho ou mel de flor de laranjeira, por forma conseguir a apresentação desejada;
cobrir com canela a gosto...

uvas com açúcar cristalizado...
seleccionar uvas grandes e carnudas;
lavá-las bem com água corrente;
colocar açúcar branco grosso num prato;
rolar as uvas no açúcar até ficarem recobertas;
colocá-las numa taça para apresentação.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

culinária

Para além de ser uma arte, é uma espécie de terapia para mim. Não que tenha algum talento especial para a cozinha, mas enquanto apuro sabores e me delicio com cheiros e texturas ou choro com a cebola, espanto os meus males e alimento o corpo e a alma.
Gosto de inventar, raramente consigo seguir uma receita certinha, ou porque não tenho ingredientes ou porque me apetece experimentar alguma coisa diferente. Nem sempre corre bem, uma vez queria fazer uma sopa de cerejas mas já não havia cerejas, então lembrei-me das amoras. Andei uma hora a apanhá-las (apanhando e comendo demora mais tempo) e esmerei-me na preparação. O prato ficou tão apelativo que não resisti a fotografá-lo.
Depois quando finalmente chegou a parte da degustação, um esgar de desagrado meteu-me a língua para fora – estava intragável!

Um dia destes um amigo enviou-me umas fotos de um doce de maçã que ele fez. Sem dúvida que a vista desempenha um papel importantíssimo no mundo dos sabores. Não se come apenas com a boca, come-se com os olhos, com o nariz, com os ouvidos e com as mãos. Come-se com todos os sentidos. As imagens apelaram bastante para o meu paladar e comecei a salivar – tinha de provar!
Então num dia de neura com algum tempo nas mãos, decidi pôr mãos à obra e reunir ingredientes.
Necessitava de maçãs, uma meia dúzia. Como ainda não é tempo de reinetas, seleccionei apenas uma, ainda bastante rija e verde (gosto de roê-las assim, ácidas, bem rijas) e uma ou duas vermelhas, o resto era daquelas amarelas docinhas, de polpa muito branquinha, bravo esmolfe. A receita falava em 150g farinha e eu pensei que era capaz de ficar bom Maizena mas como só tinha um pouco, o resto foi farinha de trigo. Falava também em 200 g de açúcar, eu coloquei um pouco menos porque decidi fazer metade com açúcar normal e outra metade com açúcar louro.
Cortei as maçãs em cubinhos e reguei-as com sumo de dois limões (na receita dizia meio limão, mas eles eram muito pequeninos e pouco sumarentos). Levei-as ao lume com um pau de canela e metade do açúcar, até cozerem um pouco formando uma papa, mas não completamente desfeitas, para se sentir ainda os cubinhos.
Depois misturei a farinha com o resto do açúcar e cortei 125g de margarina (mais coisa, menos coisa) em cubos pequeninos e envolvi tudo.
Besuntei um recipiente de vidro com margarina e coloquei a mistela das maçãs lá para dentro. Depois polvilhei com a outra mistela da farinha e açúcar e margarina.

Levei ao forno ¼ de hora, até a parte de cima ficar ensopada e douradinha e provei assim mesmo, quentinha. Suspeito que quando a minha avó dizia que fazia dor de barriga comer bolos quentes era apenas com o intuito de eles durarem até estarem frios… a mim não me fez mal nenhum, pelo contrário, soube mesmo bem trincar aquela parte estaladiça em cima e depois a parte gelatinosa da maçã por baixo. Este doce é uma espécie de tarte invertida, adorei e decidi tirar umas fotos, que ao contrário da primeira, não faz justiça ao bem que me soube:
Enquanto comentava com o meu amigo que aquilo era capaz de ficar bom com canela polvilhada, ele admitiu que se tinha esquecido de mencionar esse (pequeno) detalhe. Inclusivamente, pode-se polvilhar com canela a mistela de maçã antes de levar com a mistela de farinha antes de ir ao forno.

Mham, mham, ainda sobrou alguma coisa depois de arrefecido, foi para o frigorífico e também é bem bom frio! E quem comeu, não se queixou… ao contrário de algumas experiências que às vezes faço e que sou a única pessoa que gosta…

Mas o gosto educa-se, e embora não seja gourmet, aprendi a gostar de pimentos e de azeitonas. Framboesa e feijão verde é que ainda não (a não ser se forem peixinhos da horta). Por vezes são as combinações que se fazem que eu não gosto (arroz de tomate com pimento, sopa de feijão verde com cenoura, blherrrrg) de resto, estou sempre pronta a reavaliar os meus gostos e a descobrir novos sabores.

Bem, isto está a deixar-me com fome…
Mas e tu, queres falar dos teus gostos culinários?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

otooto



“Todos somos diferentes”, é uma frase à La Palice, mas a verdade é que dentro da diferença há aqueles que se destacam pela positiva e que merecem por isso o nosso respeito, amor e gratidão. A esses costumamos chamar de amigos ou mesmo de irmãos.

Tenho um “otooto” (um irmão mais novo), não é um irmão de sangue mas é como se fosse. No Japão não nos casamos apenas com a nossa mulher, casamos toda a família e assim duma assentada ficamos, com tudo o que isso traz de bom e de mau, a braços com mais um grupo de pessoas que não conhecemos mas que nos consideram como sendo “suas”.

Para nós ocidentais é ao mesmo tempo deliciosamente fascinante e aterrador, vermo-nos forçados a assimilar e a integrar uma cultura milenar e extremamente formal de um dia para o outro… bem mas isso são temas para outras “guerras”.

No meu caso não me posso queixar, herdei um “ser especial”, alguém que já me deu muito e pouco ou nada tem recebido em troca, alguém que só se envolve para ajudar e mesmo assim tenta manter a distância, alguém a quem devo muito mais do que poderei pagar.

E essa pessoa, o meu “irmão mais novo”, o meu “otooto” é para além do mais um artista…

Fotógrafo de profissão, auto intitula-se de “Tunnel Hunter”, tem corrido o Japão “à caça” de túneis para fotografar e expor.

Tive o privilégio de o ajudar na sua última exposição em Kanoya, mas agora vai expor novamente em Osaka.

Deixo-vos aqui o link para que se deliciem com a sua arte.

Ladies and Gentlemen a big applause to my brother Yoichi “Tunnel Hunter” Kirihara

domingo, 27 de setembro de 2009

jardim das rosas

Sou Alfacinha de gema e gosto de acreditar que conheço bem a minha cidade, mas a verdade é que tal como as pessoas que nunca chegamos a conhecer completamente, há sempre algo de novo por explorar, há sempre um cantinho desconhecido à espera de nós.

Fui ao jardim mais famoso da cidade, aquele que todos conhecem (ou pensam conhecer), aquele de que se fala na China, no Japão, no Perú, na América e no resto do mundo, aquele que é visitado por centenas de milhares de pessoas por ano e pelo qual eu já passei pelo menos 400 vezes, isso se contar uma média de 10 visitas por ano a partir do 6 anos de idade...

Como dizia fui ao jardim mais famoso da cidade e encontrei um cantinho desconhecido, um pedaço que não me lembro de ter visto nas outras 399 vezes que por lá passei, mas que está lá... recatado, escondido, dissimulado, dá impressão que o arquitecto o queria manter só para si, um recanto pessoal onde quase ninguém pára e por poucos reparado... assim é o Jardim das Rosas na Gulbenkian.

Rodeado por árvores e arbustos que o tornam literalmente invisível, aqui se encontram, dispersas por canteiros em função da cor, as únicas roseiras de toda a Gulbenkian, são plantas enormes, trepadeiras que se agarram aos ramos baixos e sobem árvores e arbustos, culminando em esplêndidas e incrivelmente grandes flores brancas e cor de rosa.

É o local ideal para ler um livro, descansar, fugir ao barulho da cidade, meditar, relaxar ou apenas estar sozinho.

Fui lá para praticar Tai Chi mas não sabendo onde ficava, telefonei para obter direcções de quem lá vai vezes sem conta...


- Está, bom dia... já aí estás?
- Bom dia, já cheguei à Gulbenkian mas não sei onde fica o Jardim das Rosas. Podes-me explicar?
- Bem... vamos ver... é difícil... sabes o edifico principal? É atrás.
- Atrás? Onde? Atrás é o anfiteatro...
- Pois, não é aí! É mais entre o anfiteatro e o edifício principal. Olha não sei explicar.
- Tudo bem, até já eu encontro.


Como já disse é um local quase secreto do qual, depois de lá ter estado, fiquei com a impressão que se encontra possuído de estranhas características... os que lá querem ir, fazem-no com dificuldade... os que lá estão, perdem a noção do tempo... os que lá sabem ir, não sabem dizer como se lá chega... os que de lá saem, são seguidos por uma música intrigante...

Passem também por lá, vão ver que vale a pena!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

desenrolar!

para o nó desenrolar
o fio à que cortar
vários rolos ficarão
com diferente dimensão

dos pequenos farás linha
com os grandes farás cordel
usa cor e fantasia
e tece o teu painel

estar “out” não é sozinha
estar “in” não é o céu
estar “mal” não é distância
estar “bem” pode ser adeus!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

enroladita...

... isto vai demorar algum tempo a desenrolar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A13… Life in slow motion...

Costuma-se dizer que a “vida corre em câmara lenta” nos momentos em que nos confrontamos com experiências extremas, em que a nossa vida corre perigo e nos encontramos completamente incapacitados para mudar o rumo dos acontecimentos.

Mas eu discordo!...

Para mim nesses momentos em vez de abrandar, a vida acelera... acelera exponencialmente e é essa mudança de percepção que me dá a sensação de que tudo ocorre de forma mais lenta. É pura e simplesmente uma questão de relatividade.

No entanto, não só eu adoro a expressão Inglesa “Life in slow motion”, como a ideia de uma “vida a correr em câmara lenta”, qual rio indolente que se deixa deslizar sem tempo e sem pressa... é para mim muito apelativa pelo que me vem sempre à cabeça, naqueles dias em que tudo se passa com calma e de feição, em que tudo o que fazemos nos corre bem, em que conseguimos desfrutar a vida com quase tudo e quase nada.

Nesses dias os meus sentidos parecem estar mais alerta e de alguma forma estou mais atento ao que me rodeia, dando comigo a perscrutar o que me é normalmente “invisível”...

Oiço os sons dos insectos que voam em redor, os latidos dos cães há distância, o vento e os outros elementos… paro para ver sombras e nuvens, observo os padrões das folhas, fecho os olhos para sentir o calor do sol e o roçar do vento… em resumo detenho-me, Olhando, Sentindo, Cheirando, Saboreando e Ouvindo coisas que tendo estado sempre lá, nunca por mim tinham sido “vistas” desta forma.

São momentos mágicos, pedaços do paraíso que me caem no colo e que só tenho de estar atento para os sentir chegar e não os deixar fugir.

Ontem fui a Almeirim para uma prova de BTT, segui a A2 em direcção ao Sul para apanhar a A13 no sentido de Santarém pois o “Google Earth” (muito obrigado Google), indicava-me ser o percurso mais rápido… nunca tinha andado na A13 mas logo que entrei naquele tapete bem tratado achei que tinha sido uma boa opção.

Foi uma viagem “in slow motion” à média horária de 160Km/h, onde apreciei o nascer do sol, os pinheiros mansos que nos acompanham por quase todo o caminho, as cores dos campos que se combinam entre amarelos e verdes, as casas de campo há muito abandonadas e das quais em muitos casos apenas restam ruínas, lembranças de um tempo em que se vivia no e do campo e em que as pessoas se permitiam a viver isoladas no meio da natureza.

Cheguei ao meu destino, montei na bicicleta, segui por montes e vales, rolei por areia e pedras, passei um rio, tomei banho, li para fazer tempo, almocei e preparei o regresso a casa.

A magia da manhã tinha-se há muito dissipado, mas o dia estava lindo e mais uma vez na A13 ao rolar naquele tapete encantado com um horizonte de ar refractado feito, a minha “vida abrandou”…

... apaguei o rádio, ajustei o “Cruise Control” para 130Km/h e deixei-me conduzir apenas preocupado em manter a viatura em direcção ao Sul, pois a estrada…

... bem a estrada era toda minha!

“It’s nice to feel the life in slow motion…”

sábado, 19 de setembro de 2009

... e agora Tu!

Memórias de sótãos e mansardas,
Silêncio por sons abafados feito,
Vidros e espelhos embaciados,
Auto-estradas em Novembro,
Cheiro a folhas e terra limpa,
Roupa húmida por enxugar,
Sons de telhas e goteiras,
Sabores de quase nada,
Sensações molhadas,
Músicas de embalar,
Abrigos em beirais,
Praias desertas,
Pingos gordos,
Molha tolos,
Preguiça,
Água,
Eu!...

... e agora Tu!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

chuva!


Desce a temperatura

Escurece o céu

Bate contra a vidraça

Refracta a paisagem num rasto de gotas

Anuncia morna o final do Verão

Uma pitada de chuva

Intensifica o cheiro da terra

Como sal na comida

Escuto-a no calor da cama

Aconchegada, embalada

Pela música da chuva

Enquanto não tenho de enfrentar o inverno.

Começo a sabê-la de cor

Sinto-a

nas pálpebras,

nos lábios,

na ponta da língua!

Vem,

Vem hidratar a terra

Vem regar-me a mente

Vem dizer-me que é tempo de recolher.

A chuva pede-me para chover

E eu escorro com ela

Na dança molhada.


E a ti,

Que te diz a chuva?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

estou a absorver...

... daqui a algum tempo já poderei escorrer.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

onde param os pirilampos?

É impressionante como as mesmas ideias e os mesmos pensamentos e especialmente memórias idênticas, podem aparecer em cabeças completamente diferentes tanto cultural como geograficamente.

“Há anos que não via um pirilampo, mas os pirilampos que guardava na minha memória emitiam um brilho bastante mais intenso na escuridão do Verão e fora essa imagem resplandecente e luzidia que permanecera comigo durante todo esse tempo.
...
Tentei recordar-me da última vez e do lugar onde vira pirilampos. Conseguia ver essa imagem na minha mente, mas era incapaz de me lembrar do local e da altura.
...
Centenas de pirilampos esvoaçavam sobre a poça de água retida pela comporta e o seu brilho intenso reflectia-se na água como uma chuva de centelhas.”
Haruki Murakami – excerto do livroNorwegian Wood

Os pirilampos foram para mim enquanto criança criaturas mágicas, prova viva que as fadas e todos os outros seres com elas aparentados existiam entre nós.

As minhas memórias destes pequenos vaga-lumes a quem tantas pessoas chamam de “caga-lumes” remontam ao verão de 1967, tinha eu então 4 anos de idade.

Tendo ido para uma colónia de férias perto de Sesimbra, acabei por sofrer extensas queimaduras nas pernas e costas por acção do rebentamento de uma bilha de gás.

Pese embora os meus pais me quisessem levar para casa, não o conseguiram e por lá fiquei com algumas regalias extra, pois como não podia ir para a praia durante o dia, deixavam-me ficar acordado até mais tarde.

E a noite era fantástica, lembro-me de um grande alpendre de pedra que comunicava com um campo de cereais, acredito que seria trigo mas não o consigo precisar com certeza, que se iluminava todas as noites com a luz de milhares de pirilampos a esvoaçar em tons de verde, laranja e amarelo.

Corria que nem louco entre eles e invariavelmente acabava por encher um saco de plástico que levava comigo para a cabeceira da cama.

Este cenário voltou a repetir-se por muitos verões, não em Sesimbra pois os meus pais nunca mais me deixaram ir para a colónia de férias, mas perto de Matacães, onde costumava passar as férias grandes com os meus avós.

Passados 35 anos não se encontram pirilampos, a última vez que os vi foi há mais de 10 anos perto da Praia Grande em Sintra e eram apenas dezenas ao contrário das centenas ou milhares que me lembro da minha infância.

Tenho pena... pena por mim, que já não os consigo observar, mas especialmente pena pelos meus filhos que nunca irão ter o prazer de fazer lanternas de “caga-lumes”.

E a Sininho? Como é que vou convencer o mais pequeno que ela existe sem nunca lhe poder mostrar um prado iluminado por pirilampos a voar?...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

mergulho ou tai chi...

fecho os olhos
descontraio,
o mundo cai
o eu acaba,
o mar é ar
o ar é mar,
o peito enche
o peito vaza,
a calma é grande
a mente ampara,
ampara o ser
que quer ser nada,
o corpo voa
não sente nada.

mergulho ou tai chi...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

quando não se sabe do que falar…

Não é frequente, mas de vez em quando fico com o cérebro em branco… nestes períodos não tenho discurso, não tenho vontades e não sei do que falar.

Não há um padrão para o surgimento destes momentos, não há um “gatilho”, não há nenhum evento tipificado que provoque este estado de pura apatia, apenas se estende a partir de um determinado ponto como se dum “nevoeiro” se tratasse e aos poucos vai cobrindo tudo, transformando a paisagem num mar de sombras cinzentas vagamente familiares.

Normalmente durmo, o sono revigora-me e quando acordo… acordo quase sempre para a “normalidade”, mas há dias em que tal não é possível… ou porque trabalho, ou porque tenho coisas para fazer ou ainda porque, simplesmente não me apetece dormir.

Embora esteja a escrever este texto, a verdade é que estou assim… acordei com a sensação que o dia ia ser longo; sai de casa a pensar no que me teria esquecido; fui ao ginásio e executei o padrão diário de forma mecânica mas sem vigor… sentei-me no gabinete mas com o olhar na Avenida…

Foi depois do pequeno-almoço que comecei a sentir o estender do “manto branco”, reagi com um café, mas não é um sopro que pára as nuvens e cedo vi que iria perder a luta.

Sem vontade de ceder, forcei-me a trabalhos dobrados, assinaturas, verificações, validações e aprovações… bem, devo ter feito todas as tarefas chatas que normalmente guardo para o final do dia… há sempre esperança de surgir uma razão para as “empurrar com a barriga” para o dia seguinte…

Mas o dia estava mesmo destinado a ser longo e às 12:20 o telefone tocou…

… a mensagem era curta, o conteúdo denso… tão denso, que num minuto o meu mundo ficou cinzento e nem o almoço com o PC, para por a “escrita em dia”, conseguiu trazer de volta alguma da cor perdida.

São 15:03 e já se sente uma aragem a dissipar as nuvens, mas a paisagem ainda está branca, coberta com um manto de neve salpicado com tufos de cor apenas nos pontos onde as ideias são mais quentes… dormir não posso... bem, vou tomar mais um café…

terça-feira, 8 de setembro de 2009

gosto deste sítio

Um dos meus livros* preferidos é o dicionário, por isso, sempre que tenho dúvidas (o que acontece com alguma frequência), visito-o. Ora deixa cá ver:

CONTEXTO

s. m.

1. Modo pelo qual as ideias estão encadeadas no escrito ou no discurso.

2. Argumento.

3. Contextura.

Gosto especialmente desta última palavra:

CONTEXTURA

s. f.

1. Tecido.

2. Modo pelo qual a trama e a urdidura estão enlaçadas.

3. Ligação entre as partes dum todo.

4. Entrecho, contexto.

Isto vem a propósito daquela minha tentativa falhada de explicar a minha visão do belo e do mau gosto. Estava a ler o que escrevi fora de mim e realmente não me estava a fazer muito sentido, a ver se consigo exprimir-me melhor desta vez. Lembro-me das discussões que se geravam na sala de aula sobre o mau gosto. Não é fácil chegar a um consenso académico e quando se chega, geralmente é ditado pelo professor e pelos livros. Mas quem disse que tem de haver consenso? Certamente que tudo ficaria mais simples, mas nem por isso mais interessante. O contexto surge aqui como forma de adaptar os conceitos ao meio onde estão inseridos e sobretudo à circunstância particular em que as coisas resultam (ou não).

Eu tenho esta necessidade de contextualizar TUDO. Tenho um péssimo sentido de orientação e isso ajuda-me a perceber onde é o norte. E a não ver tudo apenas por um ponto de vista. Não existem pontos de vista isentos, mas sem dúvida que uns oferecem melhores perspectivas que outros. Ando sempre à procura da melhor perspectiva, do melhor ângulo de abordagem.

Não creio que se possa falar disto aqui como “comunicação unilateral”, uma vez que temos sempre hipótese de resposta, por isso é bilateral. Discordo contigo em relação à descontextualização da escrita. Nietzsche é que tinha a mania de o fazer, mas depois voltava a contextualizar. Muitas vezes as coisas escritas vêm ter comigo ainda antes de eu pensar sequer em ir ter com elas. São trazidas por pessoas, por hiperligações aleatórias, das mais variadísimas fontes. Nem sempre é fácil saber qual a intenção do autor ou o porquê da mensagem, mas ela está lá, sobrevive a isso, é capaz de se transformar, mudar de sítio e até de sentido porque o seu CONTEXTO mudou. É uma variável como qualquer outra. Mas é uma variável muito poderosa que não se pode menosprezar.

Claro que podem existir falhas em todo o processo, não só no emissor, no canal escolhido e na mensagem, como também no receptor. Há tantas formas de entender mal uma mensagem que eu acho espantosa a possibilidade de alguém conseguir entender alguma coisa do que se comunica. E pergunto-me muitas vezes se aquilo que eu quero dizer é alguma vez realmente compreendido. Mas não me deixo abater por isso. Comunicar é um processo criativo, há sempre alguma coisa que se inventa, que se interpreta como bem se entende… e depois sofrem-se as consequências.

Entendo o teu ponto de vista, toda a gente tem uma identidade e uma cultura e vê as coisas segundo a leitura que faz através dessas lentes de identidade e cultura. Mas eu teimo em querer espreitar para além disso. Teimo em querer validar todo o tipo de expressões e perceber intenções.

Enfim, acho que me estou a esticar. Antes que me comece a embrulhar, vou terminar as minhas considerações por aqui.

Deixa-me só dizer que gosto deste sítio. Precisa ainda de alguns retoques de pintura e decoração, mas o importante é como se respira por aqui. Não me importa grande coisa o que possam dizer. Podíamo-nos encontrar e falar em qualquer recanto privado, mas gostei desta solução de estar aqui, recolhidos mas à vista de todos, vulneráveis ao ataque por opção. Sim, porque por vezes gosto que me critiquem, especialmente quando o fazem bem e gosto quando consigo melhorar por causa disso.

Gosto deste sítio e irei continuar por aqui enquanto achar que faz sentido por aqui andar.

Sei que ainda tenho as músicas para resolver, mas isso é uma coisa que eu tenho de saborear. Ela há-de acertar-me quando eu menos estiver à espera. Temos de arranjar uma playlist seleccionada por ambos para pôr aqui ao lado…

Pareceu-me bem interessante o teu “Carneiro”, vou ver se o encontro por aí. Acabei ontem de ler “O Isólito Mr. Mee”, gostei bastante. Uma salada de histórias onde se encontra Rousseau misturado com outras histórias intemporais. Gosto de pessoas insólitas, tudo o que foge encantadoramente ao normal. Continuo a ler “The Ethical Slut” – uma espécie de manual para mim, mas não estou com muita pressa em lê-lo, ao contrário do que fiz com os livros do Daniel Sampaio quando era adolescente, mas sinto a mesma sensação, os autores compreende-me e partilho do mesmo ponto de vista deles. Palpita-me que irei revisitar este livro por aqui. Hoje vou começar a ler um livrito sobre uma viagem a África, não me lembro do autor, depois conto.

Giro teres achado piada à DC, ela realmente tem imenso espírito… endiabrado!

Até mais ler,

Sofia

*Neste caso, “livro” tem um sentido muito vasto que pode abranger páginas de Internet com vários tipos de dicionários. Afinal a rede é uma Grande Biblioteca, n’est pas?

domingo, 6 de setembro de 2009

Welcome Back My Friends to the Show That Never Ends...

Welcome Back My Friends to the Show That Never Ends... editavam os Emerson, Lake and Palmer em 1974, o mesmo digo eu em relação ao teu regresso aos nossos diálogos.

Gostei do teu “Pé de Tango”, como te disse apenas falta a rosa vermelha para que a composição esteja perfeita e o possas vender como um postal de Buenos Aires.

De alguma forma fiquei com dúvidas em relação ao que entendes com o CONTEXTO que referes;

Compreendo a tua vontade de “contextualizar” as mensagens que recebes...

Segundo o Budismo...

“Os três vícios físicos são matar, roubar e ter comportamento sexual impróprio. Os quatro vícios verbais são a mentira, a tendência para a discórdia, as palavras cruéis e o discurso incoerente. Os três vícios do espírito são a cobiça as más intenções e os juízos equivocados.”

... no dia-a-dia, se não formos capazes de compreender o contexto das mensagens que recebemos, estamos condenados a fazer juízos precipitados que facilmente se tornam em juízos equivocados.

Não me parece no entanto que isto se aplique a tudo e especialmente a todos os tipos de comunicação; tens o exemplo do nosso caso particular, se por um lado tentamos ter um cuidado especial na percepção e entendimento dos diálogos e textos que trocamos, olhando para todas as vertentes e possíveis contextos, há sempre situações em que temos de fazer perguntas específicas por forma a conseguir formar uma imagem correcta do que o outro quer transmitir...

Ora na maioria dos casos, especialmente quando falamos de textos escritos, a comunicação é unilateral, ao sê-lo limita a tua capacidade de formar uma imagem contextuada do assunto. Se não conheceres o EMISSOR, ficas assim completamente dependente da sua capacidade ou incapacidade de expressão.

Mesmo na comunicação oral, há situações destas... quer sejam “gafes” ou apenas “mal entendidos” a verdade é que, com maior ou menor frequência, sucedem-se episódios em que não nos fazemos compreender correctamente e com isso causamos sofrimento/mau estar nos outros...

Hoje almocei com um grupo de amigos de uma amiga minha, no meio da conversa acho se passou algo assim comigo... “mia culpa” claro está... não disse o que queria dizer, ou talvez o tenha feito mas de uma forma bastante tosca... o problema é que em grupo poucas vezes temos possibilidade de reformular as nossas ideias... nestas ocasiões dava jeito poder parar o tempo e fazer “rewind”...

Em relação aos “gostos e boçalidade”, passa-se exactamente o mesmo, com a diferença que aqui é mais difícil, não só “disfarçar” o mau como “aparentar” o bom e definitivamente não concordo que seja uma questão de CONTEXTO.

Com bastantes reticências, pois é uma análise muito complexa que não estou de todo capacitado para fazer, podemos dizer que uma pessoa é má ou grosseira, tem bom ou mau gosto porque o meio onde foi criada assim a educou, estamos assim a criar um CONTEXTO para o facto dela ser o que é.

Não podemos no entanto criar um CONTEXTO para os critérios que nos levam a considerar uma determinada acção má/boa/grosseira/simpática ou algo belo ou feio, estes são conceitos base em cada sociedade e são-nos passados de uma forma quase genética.

Admito que, sendo conceitos que podem variar de sociedade para sociedade, o que é mau para o “Paulo” poderá não o ser para o “Zatoichi” e vice-versa...

- à laia de exemplo na China é considerado bonito quem tem orelhas grandes, pois é sinal de riqueza, por cá chamamo-lhes “Dumbo”.

... no entanto dentro de uma mesma sociedade os conceitos não deveriam mudar e como tal não deveriam ser passíveis de por em CONTEXTO.

Concluindo, embora concorde que devemos procurar colocar tudo em CONTEXTO, para mim há coisas que não se podem ou pelo menos não deveriam necessitar de serem colocadas em CONTEXTO, nestes casos o problema é do EMISSOR e não da comunicação.

Fui espreitar os links que me enviaste... e achei-os mais ou menos banais excepto o “Diabo no Corpo” da SD, sobre quem diria... “mulherzinha inteligente, né?”.

Tenho estado a ler (aliás estou a acabar...), “Em busca do Carneiro Selvagem” de Haruki Murakami, é um conto simples mas muito interessante e muito bem escrito... recomenda-se!

De seguida vou ler “Norwegian Wood” do mesmo autor... a ver vamos...

Fizeste-me uma pergunta muito difícil de responder, “O valor da vida humana nas sociedades orientais”, e para a qual não tenho conhecimentos suficientes para te responder condignamente...

O Oriente, é muito vasto e as suas civilizações tremendamente mais antigas que as do Ocidente, na verdade em países gigantes como a China e a Índia é necessário um especialista apenas para conseguir listar as línguas e dialectos que se falam por lá.

Os valores básicos das sociedades, entre os quais o Valor da Vida (não só a humana) estão intrinsecamente ligados às religiões praticadas por esses povos.

No Oriente encontramos, Hindús, Budistas, Taoistas, Xintuistas, Cristãos e Mulçulmanos, bem como um sem número de seitas e cultos de caris local, pelo que não é de estranhar que o conceito do Valor da Vida varie da mesma forma.

Há no entanto um outro factor que eu diria, ser neste caso, tão ou mais importante que a religião... a forma como os indivíduos se vêm e se “anulam” em função da sociedade.

No Oriente em contraste com o Ocidente, fomenta-se a negação do EU. O indivíduo e o individual é desvalorizado em prol do grupo e do social. As convenções são mais importantes que as vontades. Os mortos são tão ou mais importantes que os vivos. Os animais e plantas são venerados como divindades...

Respondendo finalmente à tua pergunta... pelos padrões Ocidentais, o Valor da Vida Humana no Oriente pode parecer baixo, no entanto e levando em conta que por lá a Vida Humana está na maioria dos casos ao mesmo nível que todas as Outras Vidas, então eu diria que o conceito se me apresenta como mais justo e correcto.

Fica bem!...

PS: E tu? O que é que andas a ler?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

respostas e mais perguntas

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a mensagem.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Por do sol no Espichel


19:45, cheguei, embora baixo no céu o disco solar ainda estava amarelo e suficientemente brilhante para não permitir uma observação directa, sem pressa sentei-me na muralha e observei o mar.


Por incrível que pareça não havia vento e o azul salpicado de reflexos de ouro estendia-se até ao horizonte calmo como um gigantesco lago, levadas por correntes de ar ascendente aos pares e trios as gaivotas passavam por baixo da minha posição, em direcção à falésia onde iriam provavelmente pernoitar.


Num impulso de partilha envio uma mensagem…

"Está em Sesimbra?".


"Não, estive todo o dia mas já me vim embora. Está tudo OK?"


Sorrio, o Universo nem sempre está do nosso lado… fica para a próxima!


"Tudo bem. Era só para a convidar a ver o por do sol no Espichel"


20:10, as cores começaram a mudar e do amarelo quase branco, o disco tornou-se laranja e daí ficando cada vez mais distinto transformou-se numa gigantesca moeda de ouro puro a mergulhar no mar.


A magia tinha começado, como um balão a moeda rompeu e incendiando tudo na sua passagem de repente um rio de lava ardente desceu para o mar criando assim um triângulo de ouro, que passando de onda em onda se estendeu do horizonte até à praia, lá em baixo no limite da falésia.


Um casal de Franceses veio sentar-se perto, como eu calados, deixaram-se ficar observando o dia a morrer neste festival de cores infernais.


20:20, do que foi uma bola de fogo ardente já só resta uma linha de vermelha no limite do horizonte, como uma cortina que fecha, as pontas aproximam-se até que finalmente nada mais resta para além do ponto de fogo, que nos fica impresso na retina.


20:22, levanto-me, silenciosamente cumprimento os Franceses e regresso ao carro.


A neura tinha passado… abro as janelas, ponho os U2 bem alto e com um sorriso nos lábios rumo para casa.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

respostas adiadas – tomo II

Aproveitando da tua ausência, o que me dá alguma margem para escrever este “monólogo”, seguem as minhas opiniões sobre a “M&M” e o “Rex”.

Não sei se foi propositado (acredito que sim), se foi por serem os teus preferidos, se foi por serem bastante diferentes entre si ou pura casualidade, mas escolheste muito bem o “crivo" aos meus gostos e preferências.

Se no caso do “Caveman” embora reconheça o seu valor (vide “pés! os meus, os teus e um bocadinho dos outros”), não tenha sentido nenhum “click” especial, o mesmo não se passa com estes dois últimos.

“M&M”… como os chocolates, que são uma delícia para o palato, a sua escrita é uma delícia para os olhos. Não só escreve muito bem, como o faz com classe, elegância e muita... muita sedução.

Sem dúvida que o “B” deverá ser um sortudo… se acaso “Lady M”, É o que aparenta ser, se ela É o que escreve, então É sem dúvida, o tipo de mulher que qualquer homem gostaria de ter ou pelo menos conhecer.

Gostei muito das fotos, adorei os textos especialmente o poema “Somos quem somos” e achei uma particular piada ao endereço do site, que ironicamente se chama “excitame” mas que se deveria chamar “excita-te” ou quanto muito “excitemo-nos”.

O “Rex”... gosto do trabalho gráfico que faz sobre as fotos que apresenta, gosto do conteúdo de alguns dos seus textos, acredito até que se houvesse necessidade e me esforçasse um pouco seria capaz de me relacionar de uma forma mais ou menos pacifica com este “pseudo-animal mal comportado”.

No entanto e pese embora possa ser propositado, o Rex apresenta-se como o estereotipo do mau gosto (começando pelo seu “cartão de visita” – sniff, sniff).

Para mim, mau gosto mesmo quando propositado (infelizmente, não sei se será…) não tem justificação!

Como diz a deliciosa “M&M” – “Sou uma mulher que gosta do belo em todas as suas manifestações e que abomina o mau gosto e a boçalidade” - no meu caso sou homem, mas a mensagem é a mesma…

O “Rex”, pelos meus padrões (que são meus e não têm de ser partilhados por mais ninguém, por isso “desculpa qualquer coisinha…”) é agressivamente grosseiro, aparentando estar mal com ele e com o mundo; tenta “impingir” os seus pontos de vista e ideias, começando pela música, que desgraçadamente nos obriga a ouvir de cada vez que mudamos de texto e terminando com tiradas de soberba infantil (1), típicas de quem não tem confiança em si mesmo e que ainda não entendeu, ou não quer entender, que o mundo está cheio de pseudo-intelectuais como ele.

O meu conselho para este “menino” seria: se efectivamente quer fazer a diferença vá fazer serviço de voluntariado numa qualquer ONG a auxiliar quem precisa!...

Beijos,
Zatoichi!

(1) Fica um pequeno exemplo da tal soberba infantil… infelizmente há muitos mais!

"post scriptum: e não adianta virem para aqui com esgares de nariz inclinado… quem não riu, pelo menos uma vez, não tem qualquer sentido de humor. Para esses infelizes: thank you for trying to smile"

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

pés! os meus, os teus e um bocadinho dos outros


No período que permaneci na China costumava fazer uma massagem aos pés todos os dias, foi absolutamente ireal, durante 1,5 meses avancei de salão em salão, experimentei mãos de aço, mãos de fada e mãos de anjo, gritei, sonhei e com um sorriso nos lábios morri mil vezes...

Primeiro os pés cozem lentamente no calor da água de sais, óleos e rosas; abrem-se os poros e liberta-se a sujidade de um dia a andar calçado; segue-se uma lavagem suave e finalmente a secagem com toalhas aquecidas...


Estamos preparados para nos deixar fluir numa agradável volúpia de 45min de pressões e compressões segundo as técnicas do milenar “Tui Na”. Garantidamente há poucos prazeres melhores na vida!...


Uma noite em Pequim, tendo ido com uma amiga chinesa a um novo salão que diziam ser muito bom, estranhei que se começasse a travar um diálogo de “cochicho” entre ela e a minha massagista – a nº 13 (nós ocidentais nunca lhes chegamos a saber os nomes verdadeiros, no entanto para o caso de gostarmos e querermos repetir noutro dia, são-nos dados números para referência futura – não é simpático mas é mais fácil e funciona bem)...


Questionando a minha amiga em Inglês, fiquei a saber entre risos e olhares maliciosos que a nº 13 lhe estava a dizer que ela tinha muita sorte pois o “marido” dela (ou seja eu!!!), não só era muito bonito (pelos padrões chineses não abona muito em relação à minha pessoa – mas deixemos isso para outro dia) como tinha uns pés maravilhosos...


Adoro os meus pés, aliás adoro pés no geral mas tenho uma vaidade especial nos meus, não sei se há razão para tanto, mas depois deste episódio típico de uma China cheia de contrastes acabei por acreditar que sim... os meus pés são Lindos!



O mesmo se passa com os teus, mais gordinhos, mais redondos, menos ossudos que os meus mas muito bonitos e perfeitinhos, os meus sinceros parabéns.

Como te dizia em “trauma de infância”, por andarem quase sempre “escondidos”, os pés são muitas vezes uma grande desilusão, não suficiente para perder a vontade se já tiver o “motor em aquecimento”, mas suficiente para reduzir as probabilidades de um encore de qualidade, caso a coisa se volte a repetir... sim porque, ou nos “esquecemos” completamente da existência desses dois maravilhosos apêndices corporais, ou então… quem é que gosta de brincar, massajar, beijar e mordiscar “cepos” feios e retorcidos?


Em relação aos sapatos e passando ao lado das obsessões e compulsões (muito comuns especialmente no sexo feminino – vide Imelda Marcos) a eles associados, é engraçado que tenhas referido a tua afinidade com os ditos. Na verdade tenho ao longo dos anos vindo a desenvolver uma teoria, sobre o papel destas supostas “protecções” tornadas objecto de culto e desejo, como espelho da nossa personalidade e tenho por hábito basear as minhas 1ªs e 2ªs impressões no estado/tipo de calçado que as pessoas usam. É mais ou menos um “diz-me o que calças, dir-te-ei quem és”…


Como exemplo do meu método de análise, “sem saber mais sobre ela”, diria que a “dona” destes lindos dedos:


- pela disposição dos sapatos - deixados no local onde devem ter sido descalçados, é uma pessoa descontraída;


- pelas unhas pintadas a fazer “pan dan” com a cor dos ténis e os ténis que não sendo novos estão bastante bem tratados e limpos, é uma pessoa cuidadosa com a sua aparência;


- pela cor vermelha dos sapatos e das unhas, é uma pessoa que gosta de deixar uma “impressão” e que não se importa de ser notada.


Para um primeiro encontro, penso já ser bastante... com um bocadinho de sorte num segundo o calçado será outro e aí outras indicações poderão ser tiradas.


É para mim um processo complementar da, por nós já discutida, “Química” e há sua semelhança muito baseado em “intuições” e “feelings” deixando imensa margem para enganos e erros de julgamento… mas “que se lixe”, as mulheres (diz-se) têm um 6º sentido inato, nós os homens temos de “inventar” os nossos!...


Porque trouxeste o teu amigo “Nuno” até ao nosso “Templo”, aproveito para te dar mais uma das minhas respostas adiadas…


Indiscutivelmente o “Blogdita” sabe escrever, escreve com sentimento… demasiado por vezes… nota-se que é um ser (não sei se é homem ou mulher, ou ambos) algo assediado pelos seus demónios internos e que usa a escrita para deles se libertar ou pelo menos tentar fazê-lo.


Não gosto do formato do seu blog, não gosto das cores de pastel, que me fazem lembrar uma casa Victoriana rodeada de smog numa qualquer rua Londrina em plena revolução industrial, não gosto do facto de ter tantos icons e “opções” e não gosto especialmente da forma como aparecem os textos, todos compactados sem espaçamentos e justificados de ambos os lados, em suma rectângulos de palavras.


Resumindo o formato do blog apresenta-se para mim como claustrofóbico, pelo que se adicionar os textos densos e deprimentes qb, então direi que me dá “falta de ar”.


Não estou com isto a dizer que não tem valor, pelo contrário, reconheço mais uma vez que o “Blogdita” não só escreve muito bem, como deverá com certeza ter uma razão para o fazer da forma como faz… apenas quero dizer que não é do meu agrado, mas o mundo é feito disso mesmo, de agrados e desagrados, e cada um de nós é livre de seguir pelos caminhos que melhor lhes servem…


…“Blogdita”, parabéns pelo teu trabalho, de alguém que particularmente não se identifica com ele.


Linda Sofia, goza bem as férias que eu por cá te esperarei…


Beijos nos teus dedos de cereja…

Zatoichi!


PS: Não sei se o fazes com algum outro propósito, ou se é apenas para ser diferente… mas o uso de “até mais” dá-me sempre uma ideia de vontade de separação latente, pois acabo sempre por ler “até mais ver”…

sábado, 22 de agosto de 2009

ler, pés e net

Não é polémica nenhuma, perguntei ao google e ele respondeu-me:

estória | s. f.

estória
(inglês
story)

s. f.

1. Narrativa de ficção. =história

2. Conto, novela, fábula.

3. Exposição romanceada de factos e episódios, distinta da história, baseada em documentos.

história | s. f. | s. f. pl.

história
(grego
historía, -as, exame, informação, pesquisa, estudo, ciência)

s. f.

1. Narração escrita dos factos notáveis ocorridos numa sociedade em particular ou em várias.

2. Ciência que estuda factos passados.

3. Sequência de factos ouacções!.

4. Relato desses acontecimentos. =estória, narração, narrativa

5. Descrição dos seres da Natureza.

6. Estudo das origens e progressos de uma arte ou ciência.

7. Biografia de uma personagem célebre.

8. Livro de história.

9. Infrm. Relato destinado a enganar. =conto, mentira, peta

in http://www.priberam.pt

No dicionário de papel não encontrei no entanto estória alguma...

Coitado do Branquinho... sempre podemos chamar-lhe conto e pronto, problema resolvido.

Aprendi a ler como quase toda a gente que conheço, quando tinha 6 anos... lembro-me precisamente de quais foram as primeiras palavras que li sozinha, era uma ficha de leitura que os meus pais compraram antes de eu ir para a escola e tinha um desenho uma senhora de saia justa e mala ao ombro. Depois de a ter pintado a lápis de cor, por baixo dpo desenho eu Li "A tia". Foi qualquer coisa de espantoso que iria mudar a minha vida para sempre, embora eu não tivesse essa noção quando li aquelas simples letrinhas.
Nas primeiras férias grandes, tinha montes de coisas para ler, lembro-me as pilhas de livros da Anita emprestados e das revistas de BD Mundo de Aventuras. Acontece que eu tive um problema nos olhos e por isso tive de levar umas gotas que me faziam dilatar a pupila e ver tudo desfocado e nublado durante algumas horas. Imagina o sofrimento de alguém que quer devorar todas as letras que encontra pela frente e só consegue ler as manchetes dos jornais com muita dificuldade... ficava sempre ansiosa que o efeito daquilo passasse!
Gostava de ficar a ler na cama à espera que o sono chegasse. A minha mãe gritava sempre montes de vezes "apaga a luz!" Então uma vez decidi pôr uma fronha de almofada a fazer de abat jour e ia pegando fogo àquilo tudo... depois arranjei daquelas lanterninhas pequenas para ler debaixo dos lençóis.
E durante anos fui devorando tudo o que encontrei pela frente, nunca deixando nenhum livro a meio, por mais chato que fosse. Depois como tempo fui ficando mais selectiva.

Ninguém parece dar muita importância ao facto de saber ler, é um dado adquirido desde tenra idade. Eu comecei a aperceber-me que a realidade é um pouco diferente, e num trabalho que fiz, verifiquei que ainda existe muita gente analfabeta, encontrei não muito longe da cidade, pessoas pouco mais velhas que eu (especialemnte mulheres) que não sabiam ler. Isto já para não falar da iliteracia, porque juntar umas letrinhas não significa propriamente que se consiga entender o que querem dizer.

Isto tudo para dizer que aprender a ler foi das melhores coisas que me aconteceram na vida, foi ganhar asas e voar, entrar em mundos paralelos numa espécie de transe profundo.

Vejo muita ficção científica e mundos de fantasia nas tuas leituras preferidas. Li o primeiro Harry Potter mas não achei grande piada, aquilo está muito mastigadinho para o meu gosto, prefiro ter espaço para imaginar as coisas, para isso prefiro ver os filmes. Eu comecei com o Lewis Carroll e a sua Alice, e o Principezinho do Exupery. São livros que estão sempre à mão, já perdi a conta às vezes que os li. Não tenho propriamente autores preferidos, mais obras, mas gosto muito do Richard Bach e do seu Fernão Capelo Gaivota, da Laura Esquível e a sua escrita culinária, do Neruda, do Garcia Marquez, do Saramago (adorei o Memorial do Convento), do Pessoa, da Espanca, do Mia Couto, do Lobo Antunes... difícil lembrar-me agora de todos, prefiro ir falando da minha relação com eles quando me parecer apropriado.

Sobre a química, entendo o teu ponto de vista perfeitamente. Mas deixa-me só dizer que apesar de eu me lamentar muito por não perceber como as coisas funcionam, não significa que não funcionem. Eu lá me vou safando, e já encontrei o meu jackpot, o tudo em um. Acontece que isso não me impede de procurar conhecer outras pessoas. Uma coisa curiosa que reparei é que não basta uma pessoa ser super interessante fisica e mentalmente para me apaixonar. Já encontrei muitas pessoas interessantíssimas, entusiasmentes, perfeitas e não me apaixonei por elas. Por vezes, nem precisam de ter grandes atributos. E eu não sei explicar isto, sei simplesmente que acontece. Vá-se lá perceber porquê... E pensava que precisava de estar apaixonada para o sexo fazer sentido, mas isso é uma grandecíssima treta. Haja tesão correspondência de critérios e tudo corre de feição. Mesmo assim, acho fantástico o facto de duas (ou mais) pessoas se entusiasmarem simultaneamente, conseguirem encontrar concensos e vontades comuns. É uma espécie de magia.

Tenho de fazer aqui um parágrafo sobre os pés. Ai, os pés! Desde bebé que tenho um estranho fascínio por sapatos. A minha mãe contou-me que na praia as pessoas tinham de pôr os sapatos no píncaro dos chapéus porque mal os apanhava distraídos, açambarcava tudo oque desse para enfiar nos pés. Não me lembro nada disso, mas lembro-me de fazer sapatarias, expôr tudo quanto era sapatos lá em casa, colocar preços, andar com os sapatos de salto alto da minha mãe com ela a gritar "descalça-te que ainda me partes as almas!". Adoro pés, observá-los, brincar com eles, cuidar deles, desenhá-los, fotografá-los, gosto de andar descalça no cimento quente, de massagens aos pés, recebê-las e fazê-las, pressionar os polegares contra os pontos sensíveis da planta do pé e os nós dos dedos, fazer rodar uma bola macia, comprimir os calcanhares, contornar os tornozelos...

Ainda sobre a exposição, nunca me trouxe problemas nenhuns a forma como o faço. Ainda ontem tive uma conversa sobre isso, com uma pessoa que se expõe muito mais do que eu, muito mais a alma que o corpo e afirma que isso nunca lhe trouxe mal nenhum e é um desafio. Já te tinha falado dele, gosto muito da sua atitude na net, para além de ser uma referência de escrita para mim. Iniciou há pouco este novo projecto que tenho estado a seguir com bastante curiosidade.
Podia não me expor tanto, claro que podia, mas não quero. É que ainda por cima é Verão e está imenso calooooooooor...

Agora vou aproveitar o sol e as altas temperaturas e ficar algum tempo sem aparecer por aqui. A Net é sem dúvida outro dos marcos na minha busca do conhecimento, revolucionou completamente a forma de pesquisar, de me relacionar com as outras pessoas. É viciante, e por isso mesmo vai fazer-me bem uma pausa. Vou levar comigo umas leituras e as sugestões musicais que me deste, quem sabe se não encontro por lá a tua música?

até mais,
sofia